Internacional

Feridas sociais minam a projeção internacional da Índia

21 maio 2023 16:28

Margarida Mota

Jornalista

A Índia é um país muito jovem e também com altos níveis de pobreza

arun sankar / afp / getty images

O sistema de castas é ilegal, mas o preconceito existe. Várias questões culturais fragilizam ‘a maior democracia do mundo’

21 maio 2023 16:28

Margarida Mota

Jornalista

O país mais populoso do mundo, simultaneamente o sétimo em área, é um complexo xadrez com várias etnias e religiões, regiões com pretensões separatistas, poder político central nacionalista e perseguições a minorias. E ainda um sistema de castas que condiciona a distribui­ção do trabalho pela população e engrena o elevador social.

Há séculos que a sociedade indiana está estratificada em castas. Este sistema emana do Código de Manu, parte de um conjunto de livros bramânicos que são a base do hinduísmo. A linhagem sanguínea, e não a posse de bens, determina a pertença a uma casta. Há milhares, agrupadas em quatro grandes grupos: os brâmanes, mais sábios (sacerdotes, professores, filósofos), criados, segundo a mitologia hindu, a partir da cabeça de Brama, o deus que criou o Universo; os xátrias, guerreiros (soldados, polícias, governadores) que nasceram dos braços de Brama; os vaixás surgiram das pernas (comerciantes) e os sudras dos pés do deus (camponeses, artesãos, operários). Na base da pirâmide estão os dalits, os mais miseráveis, aos quais Madre Teresa de Calcutá dedicou a vida. Criados do pó que Brama pisou, recolhem lixo e limpam lavabos.