Os dados pessoais de mais de dois milhões de utilizadores dos serviços de ‘cloud’ da fabricante automóvel Toyota estiveram disponíveis ao público entre 2013 e abril de 2023 devido a um erro humano, admitiu a empresa japonesa na passada sexta-feira.
No total, 2,15 milhões de condutores podem ter visto os seus dados pessoais, como a localização ou o número de identificação dos seus automóveis, expostos ao público em tempo real, isto sem terem qualquer conhecimento desse facto.
Segundo notou a empresa, a falha tem uma explicação simples: o sistema de computação em nuvem, importante para alimentar todo o tipo de serviços relacionados com a incorporação da inteligência artificial nos automóveis, estava definido para público, e não para privado. Particularmente afetados foram os utilizadores do serviço T-service, da Toyota, e G-Link, da Lexus, uma das marcas detidas pela Toyota, a maior fabricante mundial em termos de vendas.
"Faltaram mecanismos de deteção ativa e atividades para detetar a presença ou ausência de coisas que se tornaram públicas", disse um porta-voz da fabricante à agência Reuters. Em resposta, a Toyota bloqueou o acesso exterior aos dados dos seus clientes, vai introduzir um sistema para fiscalizar continuamente as definições dos seus serviços de ‘cloud’ e educar os seus funcionários relativamente às regras de tratamento de dados.
Segundo o site norte-americano Quartz, este erro poderá representar um enorme obstáculo às ambições do novo CEO da empresa japonesa, Koji Sato. Sato quer apostar no sector dos automóveis elétricos, mas para isso terá de competir com fabricantes como a Tesla, conhecidas pela inovação tecnológica, nomeadamente através da incorporação da inteligência artificial na experiência de condução e pelos complexos sistemas de computação em nuvem.
Instada a comentar, a Comissão de Proteção de Informações Pessoais do Japão não adiantou mais além de ter reconhecido que foi informada do sucedido. O certo é que não é a primeira vez que esta potência asiática se depara com um caso semelhante, já que, em março, a operadora de telecomunicações NTT DoCoMo afirmou que os dados de mais de cinco milhões de clientes podem ter sido divulgados por uma empresa com quem colaborava.
Texto de José Gonçalves Neves, editado por Cristina Pombo
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