Internacional

Irão executa irano-sueco acusado de terrorismo

Habib Chaab durante o julgamento em 2022
Habib Chaab durante o julgamento em 2022
WANA NEWS AGENCY

Habib Chaab era acusado de ser o líder de um grupo separatista árabe no oeste do país, o Harakat al-Nidal

O Irão executou este sábado o dissidente irano-sueco Habib Chaab, condenado à morte por terrorismo, acusado de ser o líder de um grupo separatista árabe no oeste do país, o Harakat al-Nidal.

"A sentença de morte de Habib Chaab (...) à frente do grupo terrorista Harakat al-Nidal, foi executada hoje de manhã", anunciou a agência da autoridade judiciária Mizan Online.

No Irão, as execuções são geralmente efetuadas por enforcamento.

A 12 de março, a Justiça tinha confirmado a condenação à morte "por corrupção, gestão e liderança de um grupo rebelde e conceção e execução de numerosas operações terroristas".

A Suécia reagiu, classificando a pena de morte como "um castigo desumano e irreversível". "A Suécia, tal como o resto da União Europeia, condena a aplicação da pena de morte em todas as circunstâncias", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros sueco, Tobias Billstrom.

O Governo sueco convocou o embaixador do Irão para o informar do protesto contra a execução do dissidente sueco-iraniano Habib Chaab, na república islâmica, pelo crime de terrorismo.

“O ministério dos Assuntos Exteriores emitiu uma forte condenação à execução de pena de morte. A pena de morte é uma punição desumana e irreversível e a Suécia, juntamente com o resto da União Europeia (UE), condena a sua aplicação em todas as circunstâncias”, refere a nota de imprensa publicada no jornal Aftonbladet.

A execução foi também condenada pela União Europeia, através da presidência rotativa do Conselho da UE que está atualmente entregue à Suécia.

Anteriormente e também no Twitter, Tobias Billström tinha já condenado a execução enquanto ministro sueco. E garantiu: “Desde que Habib Chaab foi condenado à morte, o governo sueco discutiu isso com representantes iranianos de alto nível e exigiu que a sentença não fosse executada. Apelamos ao Irão e eu próprio levantei a questão ao ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão”.

A Suécia tomou medidas para oferecer assistência consular ao Chaab, mas sem resultado, porque o Irão não reconhece a dupla nacionalidade.

Segundo a imprensa iraniana, Habib Chaab é fundador do grupo separatista do Movimento da Luta Árabe pela Libertação de Ahvaz, que o Irão considera um grupo terrorista e a quem imputa inúmeros atentados na província no sul ocidental de Juzestán, entre eles um ataque em 2018 contra a Guarda Revolucionária iraniana que causou cerca de 30 mortos.

No entanto, a Justiça iraniana culpa as suas atividades pela morte de mais de 450 pessoas desde 2005 na província de Juzestán e nas regiões ao redor para conseguir a sua independência.

Além disso, foi acusado de trabalhar para diversos serviços de espionagem como a CIA, nos Estados Unidos da América, o Mossad, em Israel, o Sapo, na Suécia e para organismos de outros países da região.

Desapareceu em outubro de 2020, depois de ter viajado para Istambul, e reapareceu um mês depois na prisão no Irão.

Em novembro de 2020, a televisão iraniana transmitiu um vídeo de Habib Chaab, no qual era acusado de um atentado mortal que teve como alvo um desfile militar em setembro de 2018 em Ahvaz, capital da província do Cuzistão (sudoeste), e de trabalhar para os serviços de inteligência sauditas.

Condenado à morte em 6 de dezembro — sentença confirmada em 12 de março — Habib Chaab foi acusado pelas autoridades de Teerão de ser o líder de um grupo separatista árabe no oeste do país.

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