De momento, já só há um português no Sudão, um dos dois cidadãos nacionais que tinham preferido ficar no país apesar do conflito, e entre os vinte que já foram retirados, segundo avançou o ministro dos Negócios, João Gomes Cravinho.
“Ainda hoje à tarde tive uma conversa com o meu colega da Jordânia, que tem conhecimento profundo da situação no Sudão”, referiu João Gomes Cravinho, enfatizando que “subscrevemos o apelo feito pelo secretário-geral das Nações Unidas para que as duas partes calem as armas e procurem resolver as suas diferenças na mesa das negociações”.
O ministro português garantiu que “o nosso contacto é permanente com países como Angola, Cabo Verde ou São Tomé, estarei na próxima semana em Angola e isto vai, naturalmente, fazer parte das nossas conversas.
Sobre a situação extrema a que se chegou no Sudão, “temos de dizer que houve aqui uma falha de vários anos, ao não se fazer o desarmamento e a integração das diferentes forças armadas”, considerou o ministro dos Negócios Estrangeiros. “O resultado foi este conflito, creio que é uma lição para o Sudão e para o mundo, particularmente em países onde há conflitos que ainda precisam de ser resolvidos ou diferentes fontes de poder armado”.
Segundo João Gomes Cravinho, “a comunidade internacional permitiu que passassem anos, em que todos sabemos o que era preciso fazer no Sudão, e foi-se prolongando no tempo até dar a esta situação de guerra”.
Sem responsabilizar “particularmente o Ocidente”, o ministro diz responsabilizar “a comunidade internacional como um todo e nós fazemos parte dessa comunidade”.
Presença Wagner é “extremamente preocupante”
A presença das milícias Wagner no Sudão é considerada por João Gomes Cravinho “extremamente preocupante”, tendo em conta que este grupo de mercenários desenvolveu um modelo de negócio da guerra compensado por acesso a matérias-primas e minas, lenando-o várias partes do continente africano. “Em todo o lado onde está a Wagner há violações de direitos humanos, instabilidade, e no Sudão, infelizmente, estamos a ver isso mais uma vez”.
Os cidadãos nacionais que estavam no Sudão em zonas de maior perigo e quiseram regressar a Portugal tiveram ajuda assegurada pelo Estado português para o respetivo transporte, e os que escolheram ir para outros destinos "estão igualmente em contacto permanente com as entidades consulares que têm acompanhado a par e passo todo este processo, desde o eclodir do conflito”, garantiu o ministério liderado por João Gomes Cravinho.
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