Sirenes e sinos quebraram o silêncio da manhã fria e cinzenta de Varsóvia esta quarta-feira ao meio-dia. Passavam 80 anos desde que os nazis decidiram, a 19 de abril de 1943 — em cima da Páscoa judaica —, acabar com o que sobrava do gueto da capital polaca. Quase todos os 50 mil habitantes que aí restavam, de um pico de 460 mil três anos antes, acabariam por morrer nas semanas seguintes.
A efeméride juntou ao lado do Monumento aos Heróis do Gueto os presidentes da Polónia, Alemanha e Israel. Andrzej Duda, Frank-Walter Steinmeier e Isaac Herzog, entre outros, discursaram para centenas de convidados, entre sobreviventes do Holocauto, representantes diplomáticos, religiosos e políticos de vários países, militares e civis e muitos jovens, com copiosa cobertura jornalística internacional e sob fortes medidas de segurança. Os presidentes polaco e alemão traçaram paralelos entre o nazismo e a atual invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Que a força da nossa mão cerrada, meu Deus, manche de sangue as fardas deles”, disse o historiador polaco Marian Turski, sobrevivente de Auschwitz, instantes depois de os chefes de Estado terem percorrido a passadeira vermelha a partir do museu Polin, que documenta mil anos de presença judaica na Polónia. Turski citava o poema “Contra-ataque”, de Wladyslaw Szlengel, que se escondeu desde o rebentar da revolta e até 8 de maio de 1943 num bunker.
Centenas contra milhares armados até aos dentes… e aguentaram quase um mês
A evocação de 2023 acontece no mesmo local da carnificina de 1943. “Os rebeldes do gueto transformaram as ruas que nos rodeiam numa Termópilas judaica”, prosseguiu Turski.
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