As empresas ocidentais que estão a saír da Rússia na sequência da guerra em grande escala contra a Ucrânia estão a enfrentar dificuldades cada vez maiores na sua retirada interpostas pelo Kremlin, que agora instituiu que os investidores estrangeiros devem doar ao Estado pelo menos 10% da venda dos seus ativos ao abandonarem o país, segundo informação publicada no site do Ministério das Finanças da Rússia.
A nova regra do Kremlin aplica-se a investidores de "países hostis" que impuseram sanções contra a Rússia e atinge, sobretudo, empresas que não se retiraram completamente do país desde 24 de fevereiro de 2022. Segundo avança o Financial Times, mais de duas mil empresas submeteram pedidos para saírem da Rússia.
Moscovo procura cada vez mais penalizar as empresas ocidentais que estão de retirada do mercado, tornando o processo de saída mais caro. O Ministério das Finanças russo decidiu que têm a "obrigação de fazer uma contribuição voluntária em dinheiro para o orçamento federal", equivalente a pelo menos 10% do valor de venda dos ativos em território da Federação Russa.
A par do êxodo de empresas ocidentais da Rússia desde o início da guerra na Ucrânia, muitas ainda mantêm presença no país presidido por Vladimir Putin porque simplesmente é difícil uma multinacional ter de abandonar este mercado, já que as suas subsidiárias têm de seguir uma série de requisitos decretados por Moscovo.
Apesar de mais de um milhar de empresas terem anunciado sair ou reduzir operações na Rússia devido à guerra, apenas 520 conseguiram uma retirada efetiva, segundo uma lista da Universidade de Yale - que dá conta de ainda haver 550 empresas ocidentais com presença ativa na Rússia, oriundas de países como Alemanha, França, Itália ou Estados Unidos.
Apesar das dificuldades em abandonar a Rússia, grandes empresas como a McDonald's, a Starbucks ou a Goldman Sachs já o fizeram. No caso da McDonald's, os ativos foram vendidos a ex-funcionários, dando origem a uma cadeia de ‘fast food’ russa. Já a franquia russa da Starbucks, segundo a “Business Insider”, foi vendida a um grupo local que também integra uma ‘rapper’ russa.
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