Internacional

Primeiro-ministro palestiniano considera incendiário discurso de ministro israelita

Bezalel Smotrich, chefe do Partido Religioso Sionista de Israel
Bezalel Smotrich, chefe do Partido Religioso Sionista de Israel
GIL COHEN-MAGEN/AFP/Getty Images

Mohammad Shtayyed, chefe do Executivo palestiniano, considerou incendiárias as declarações do ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, segundo o qual “povo palestiniano não existe”

A declaração do ministro das Finanças israelita de que não há povo palestiniano”, qual é “uma invenção dos últimos cem anos é prova irrefutável do racismo da ideologia sionista extremista”, acusa o primeiro-ministro palestiniano, Mohammad Shtayyed. comentando afirmações de Bezalel Smotrich, dirigente da extrema-direita israelita que integra o Governo de Benjamin Netanyahu.

Shtayyed interveio na abertura do Conselho de Ministros palestiniano, considerando incendiárias as declarações de Smotrich, feitas em Paris no domingo à noite. Os verdadeiros palestinianos são os judeus que habitam “a terra de Israel” há 2000 anos, argumentou.

“Existem árabes no Médio Oriente que chegaram à terra de Israel ao mesmo tempo que começou o regresso sionista, depois de 2000 anos de exílio. Os árabes da região não queriam. Que fizeram? Inventaram um povo fictício e reclamam direitos fictícios sobre a terra de Israel, só para lutarem contra o movimento sionista", disse o ministro israelita. O seu discurso foi citado nas edições de segunda-feira da imprensa israelita.

“Deve-se dizer a verdade sem virar a cabeça perante as mentiras e subversões da História por parte das organizações pró-palestinianas e o BDS, disse Smotrich. A sigla que refere é a do movimento que defende boicote, desinvestimento e sanções contra o Estado hebraico.

Smotrich, chefe do Partido Sionismo Religioso (extrema-direita nacionalista), afirmou ainda que os verdadeiros palestinianos são as pessoas que habitaram a terra de Israel “há séculos”, ou seja, judeus.

Estas declarações estão alinhadsa com as do movimento que defende os representantes dos colonatos que Smotrich apoia no Executivo. Outro ministro desta ala é Itamar Ben Gvir, conhecido pelo seu discurso antiárabe.

Visita polémica a Washington

“O meu pai era natural de Jerusalém. A minha avó, que nasceu na altura dos pioneiros sionistas em Metula, há 100 anos, é palestiniana”, disse Smotrich.

Após uma polémica visita aos Estados Unidos, marcada por tentativas de boicote de organizações judaicas americanas e pela recusa de funcionários da Administração de Joe Biden em estar na sua presença, Smotrich visitou Paris para uma cerimónia em memória de Jacques Kupfer, judeu francês, apoiante do partido Likud (direita, encabeçado por Netanyahu( e polémico ativista sionista, que morreu em 2021.

Na mesma cerimónia, o ministro das Finanças declarou que os árabes não têm direitos históricos sobre a “Terra de Israel”, incluindo as zonas ocupadas. Assegura que só chegaram à região para “travar o regresso dos sionistas”.

No início de março, Smotrich disse que os árabes (palestinianos) deveriam desaparecer de Huwara, na região de Nablus. “De acordo com o Direito Internacional, um povo define-se pela História, cultura, língua, moeda e liderança. Quem foi o primeiro rei palestiniano? Qual é a língua palestiniana? Houve alguma vez uma moeda palestiniana? Existem História ou cultura palestinianas?”, perguntou na noite de domingo, negando a “identidade nacional palestiniana”.

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