Ciclone Freddy semeia mais destruição à sua segunda passagem por Moçambique
O ciclone Freddy semeou destruição em Madagáscar e Moçambique
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Há 35 dias em atividade, o ciclone Freddy passou este sábado pela segunda vez por Moçambique ameaçando meio milhão de pessoas, devendo perder intensidade perto das 0h junto à fronteira com o Malawi, para onde se dirige
Em 13 de fevereiro o número de vítimas mortais das cheias em Moçambique subia para sete e as pessoas afetadas somavam 37 mil e eis que este domingo, um mês depois, o ciclone Freddy passou no país pela segunda vez no espaço de um mês, batendo recordes de duração e força das tempestades tropicais no hemisfério sul.
As comunicações e o fornecimento de eletricidade na área onde a tempestade se abateu foram cortados, o que torna complicado apurar a extensão dos danos bem como aferir o número de pessoas afetadas.
A destruição no sul de Moçambique e em Madagáscar atingira já mais de 171 mil pessoas, matando 27, segundo números apurados pelo Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas, OCHA.
“O vento estava muito forte durante a noite… Há muita destruição, árvores caídas e telhados arrancados”, disse à agência Reuters o chefe de comunicação e parcerias da UNICEF para Moçambique, Guy Taylor, via telefone de satélite a partir de Quelimane, citado pela Voz da América.
Há mais de meio milhão de pessoas em risco nesta segunda passagem da tempestade.
Imagem de satélite do ciclone Freddy
Gallo Images/AFP via Getty Images
Há 35 dias a espalhar destruição
O Freddy foi identificado pela primeira vez perto da Indonésia, em 6 de fevereiro, e a seguir a Moçambique e Madagáscar as autoridades do Malawi preparam-se para lidar com o impacto do ciclone, segundo o Departamento de Recursos Meteorológicos e Mudanças Climáticas.
É a tempestade com mais longa duração registada de sempre, tendo sido precedida em extensão por uma outra que, em 1994, durou 31 dias.
Houve pelo menos um morto em Quelimane, neste sábado à tarde, quando a sua casa desabou abalada pela tempestade, informou a televisão estatal de Moçambique.
Os cientistas explicam que as alterações climáticas estão a tornar os ciclones mais fortes. Os oceanos absorvem grande parte do calor provocado pelas emissões de gases com efeito de estufa e quando a água do mar quente evapora a energia do calor é transferida para a atmosfera, alimentando mais tempestades destrutivas.
Moçambique recebeu no início do mês 25 dos 50 milhões de euros destinados pela União Europeia a ajuda humanitária na África Austral, com a situação de Cabo Delgado no topo de agenda.
A 9 de março a Suécia anunciou um apoio a Moçambique de 18 milhões de euros para ações de adaptação às alterações climáticas a ser aplicado ao longo de cinco anos.