As ruas de Chisinau foram tomadas este domingo por protestos responsabilizando o Governo pró-europeu da Moldávia pelo aumento do custo de vida no país. A manifestação à qual acorreram milhares de pessoas foi convocada pelo pró-russo Partido Shor.
Em consequência da redução ao longo do ano passado do fornecimento de gás ao país por parte da Rússia, as contas a pagar pelos perto de 2,6 milhões de cidadãos multiplicaram por seis. Acresce à crise energética a guerra na vizinha Ucrânia, ambas contribuindo para uma subida de 30% dos preços. Apesar de o auxílio internacional ter permitido ao Governo subsidiar a energia muitos moldavos estão em dificuldades.
“A democracia é para os ricos”, dizia Ivan Vasile, um cidadão de 85 anos, queixando-se de que a pensão que recebe não permite comer muito mais do que pão, lê-se no jornal “The Guardian”.
O protesto deste domingo surge na sequência de meses seguidos de manifestações que vêm a ser organizadas pelo Movimento para o Povo, grupo afeto ao partido de um oligarca pró-russo que se encontra em fuga, Ilan Shor.
Nem todos os participantes da manifestação apoiam a Rússia. O “Guardian” cita Ion Grosu, um pensionista ali presente, que disse: “Estou aqui a ver as pessoas serem manipuladas. Querem voltar ao passado soviético, mas todos os impérios morrem”.
O Governo tem tentado denunciar o fim último de destabilização do país a que se destina esta campanha apoiada pelo Kremlin. Ao que consta, Ilan Shor fugiu para Israel após ter sido condenado por envolvimento no roubo de perto de mil milhões de euros de bancos moldavos.
País vizinho da Ucrânia, a Moldávia tem uma situação geopolítica precária com 1500 soldados russos já estacionados no estado da Transnístria, uma região dissidente para a Rússia, que não foi reconhecida.
Polícia desmascara conspiração
A polícia moldava revelou ter desmascarado uma conspiração de agentes apoiados pela Rússia que foram treinados para causar perturbações maiores durante os protestos deste domingo contra o Governo, reporta a agência Associated Press (AP).
Viorem Cernauteanu, o chefe da polícia, revelou em conferência de imprensa que um agente tinha infiltrado grupos de “diversionistas”, cidadãos russos a quem foram prometidos 10.000 euros para organizarem “distúrbios maiores” durante o protesto convocado para Chisinau. Em consequência da descoberta, foram detidas sete pessoas, disse Cernauteanu, citado pela AP.
Separadamente, a polícia revelou ter prendido 54 manifestantes, incluindo 21 menores, por causa do seu “comportamento questionável” e porte de artigos proibidos, incluindo pelo menos uma faca.
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