O mais recente balanço oficial aponta que as vítimas mortais provocadas pelo sismo que afetou a Turquia e a Síria já ultrapassam as 33 mil. A ONU alerta que este número ainda pode duplicar.
“Acho difícil estimar [um balanço] precisamente porque temos de começar a escavar por baixo dos escombros, mas tenho a certeza que vai duplicar, ou mais”, disse Martin Griffiths, subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários Griffiths, em declarações à Sky News.
Na Turquia, as autoridades já confirmaram 29.605 mortos. Na Síria, contabilizando o território controlado pelo governo de Assad e as zonas controladas pelos rebeldes, há a assinalar 3553 fatalidades. O número total sobe, assim, para 33.158.
A Agência de Gestão de Desastres da Turquia disse que mais de 32 mil membros de organizações turcas e 8294 socorristas vindos do estrangeiro continuam a vasculhar os escombros em temperaturas extremamente baixas.
As equipas de busca e salvamento estão a utilizar câmaras térmicas na tentativa de encontrar sobreviventes nos escombros, mas à medida que o tempo avança é cada vez menor a esperança de resgatar pessoas com vida.
Uma equipa de 52 operacionais portugueses conseguiu resgatar este sábado uma criança de 10 anos em Antáquia, na região de Hatay, no sul da Turquia, afirmou a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar.
No terreno, a segurança está também a ruir, com vários confrontos nas ruas entre pessoas que lutam por água e alimentos, o que tem dificultado o trabalho dos voluntários que tentam fazer chegar bens essenciais às pessoas afetadas pela catástrofe.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 26 milhões de pessoas tenham sido afetadas pelos sismos, "incluindo cerca de cinco milhões de pessoas vulneráveis", de acordo com a organização, cujo diretor, Tedros Adhanom Ghebreyesus, chegou no sábado a Alepo, na Síria.
"Estou de coração partido ao ver as condições que os sobreviventes enfrentam, um tempo gelado e acesso extremamente limitado a abrigo, comida, água, calor e cuidados médicos", escreveu o responsável na rede social Twitter.
Além das preocupações humanitárias, a OMS lançou também um apelo para a recolha urgente de 42,8 milhões de dólares, cerca de 40 milhões de euros, e alertou para o risco de propagação da cólera, que reapareceu na Síria.
As Nações Unidas alertaram que pelo menos 870 mil pessoas precisam urgentemente de refeições quentes na Turquia e na Síria. Atualmente, acredita-se que até 5,3 milhões de pessoas estão desalojadas só na Síria.
Mais de 110 mandados de detenção por negligência na construção
A Justiça turca criou uma unidade especial para investigar possíveis negligências na construção dos edifícios que desabaram com os sismos de segunda-feira e já emitiu mais de 110 mandados de detenção, anunciou hoje o vice-Presidente da Turquia.
Segundo a imprensa local, a polícia turca deteve no sábado pelo menos 14 pessoas nas províncias de Gaziantep e Sanliurfa e entre elas figuram construtores e engenheiros civis. Pelo menos 6 mil edifícios desabaram na Turquia
A Síria e a Turquia foram atingidas, na madrugada de segunda-feira, por um terramoto de magnitude 7,8 na escala de Richter, a que se seguiram várias réplicas, uma das quais de magnitude 7,5.
[Notícia atualizada às 15h18]