Dimitry Gudkov exilou-se na Europa após enfrentar as cúpulas do Kremlin. O Expresso entrevistou o dissidente político para compreender que consequências sofre a Federação Russa pela longa invasão à Ucrânia. O fracasso da campanha militar sugere o eclipsar da popularidade que sustenta Vladimir Putin.
Gudkov exilou-se na Europa em 2021: Polónia, Bulgária, Ucrânia, Alemanha, Bélgica, Chipre. Aliou-se a outros dissidentes intelectuais e pró-liberais para instituírem o Comité de Ação Russo, que exige o fim da guerra e a democratização do sistema político através de uma revisão constitucional que reduza os poderes presidenciais.
A fuga da Rússia aconteceu sob pressão. O aluguer de um escritório sem pagamento durante dois anos serviu de pretexto à perseguição política que o regime lhe lançou. Caso permanecesse, as rendas atrasadas custar-lhe-iam cinco anos na prisão, mas o contrato de arrendamento fora firmado por um parente. A polícia deteve-o 48 horas como testemunha, fez-lhe uma rusga ao escritório, o apartamento, à casa da irmã. Passaram-no de testemunha a suspeito. Toda a família fugiu para a Europa.
Eleito deputado na Duma, em 2011, pelo partido Rússia Justa, Gudkov revelar-se-ia crítico acentuado do séquito de Putin. A “oposição parlamentar” vedou-lhe o assento em 2013. A sua família encabeçou os protestos contra as eleições “fraudulentas” de 2012.
Voltou a concorrer ao Parlamento em 2016, pelo partido liberal Yabloko, mas falhou a eleição. A oposição de rua, inorgânica, tornou-se a alternativa possível. Alexey Navalny convidou-o para o casamento.
Em 2019, Gudkov foi um dos mil manifestantes detidos por exigirem eleições regionais livres em Moscovo. O oligarca liberal Mikhail Khodorkovsky, inimigo primordial de Putin, patrocinou a sua ascensão política.
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