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Trump envolveu-se em "conspiração multifacetada" para anular presidenciais, conclui comité que investigou invasão do Capitólio

Donald Trump
Donald Trump
Joe Raedle

Relatório revela que Trump falhou em agir para impedir que os apoiantes atacassem a casa do Congresso dos Estados Unidos

O comité que investigou o papel de Donald Trump no ataque ao Capitólio em 2021 concluiu que o ex-Presidente norte-americano se envolveu criminalmente numa "conspiração multifacetada" para anular os resultados das presidenciais.

Um relatório de 814 páginas, divulgado na quinta-feira, conclui uma investigação de 18 meses sobre o antigo dirigente e o violento ataque ao Capitólio em 06 de janeiro de 2021, afirmando que Trump falhou em agir para impedir que os apoiantes atacassem a casa do Congresso dos Estados Unidos.

O relatório é o resultado de entrevistas a mais de mil testemunhas, de dez audiências e milhões de páginas de documentos.

Testemunhas, desde os assessores mais próximos de Trump, passando por agentes da autoridade e alguns manifestantes, detalharam as ações do ex-líder norte-americano nas semanas que antecederam a insurreição, e como a campanha que liderou para tentar reverter a derrota eleitoral influenciou diretamente os acontecimentos de 06 de janeiro.

A causa central era "um homem": Trump, concluiu o painel de nove membros, sublinhando que a insurreição ameaçou seriamente a democracia e "colocou em risco a vida de legisladores norte-americanos".

No prefácio ao relatório, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, escreveu que as conclusões devem ser uma "chamada a todos os norte-americanos" para que protejam atentamente a democracia.

Os oito capítulos do documento descreveram ainda as muitas vertentes do plano elaborado por Trump e conselheiros para tentar anular a vitória do Presidente Joe Biden.

Legisladores contaram, além disso, a pressão exercida sobre estados, autoridades federais, legisladores e o ex-vice-Presidente Mike Pence para infringir a lei.

As repetidas e falsas alegações de Trump sobre uma fraude eleitoral generalizada refletiram-se nos apoiantes, salientou o comité, referindo ainda que Trump pouco fez para os deter quando recorreram à violência e invadiram o Capitólio.

O documento foi divulgado numa altura em que Donald Trump anunciou que vai concorrer novamente à presidência dos EUA e ao mesmo tempo que enfrenta várias investigações federais, incluindo sobre o papel desempenhado nesta insurreição e a presença de documentos confidenciais numa propriedade que detém na Florida.

Esta semana é particularmente difícil para o ex-dirigente já que um comité da Câmara dos Representantes deverá divulgar as declarações de impostos de Trump, que tentou manter estes dados privados durante anos.

Na segunda-feira, o painel de sete Democratas e dois Republicanos passou oficialmente a investigação ao Departamento da Justiça, recomendando que investigasse o ex-Presidente em quatro crimes: incitamento à insurreição, conspiração para fraude, obstrução de ato do Congresso e acusação de falsas declarações.

Trump tentou desacreditar o relatório, chamando os membros do comité de "bandidos e canalhas", enquanto continuava a contestar falsamente a derrota em 2020.

Em 06 de janeiro de 2021, convocados por Donald Trump, milhares de norte-americanos dirigiram-se a Washington para protestar contra o resultado da eleição presidencial, que deu a vitória a Joe Biden.

Depois de passarem pela polícia, ferindo muitos agentes, os manifestantes invadiram o Capitólio e interromperam a certificação da vitória de Biden, fazendo eco das alegações infundadas de Trump sobre fraude eleitoral generalizada e levando os congressistas presentes no edifício a esconderem-se ou a fugirem para protegerem as suas vidas.

Cinco pessoas, agentes e atacantes, morreram na sequência da invasão.

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