“Os catalães querem deixar para trás uma década perdida”

Salvador Illa foi ministro da Saúde de Espanha entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021. Coube a este socialista catalão de 56 anos enfrentar o embate inicial do coronavírus. Largou a pasta para concorrer a presidente do governo autonómico da Catalunha. Venceu as eleições de 14 de fevereiro de 2021, com 23% dos votos e 33 deputados entre 135, mas não pôde governar, por lhe faltarem apoios.

Na Catalunha acabaram por ser os independentistas a manter-se no poder, graças a um pacto entre a Esquerda Republicana da Catalunha — que empatou com os socialistas em deputados e nomeou o presidente da região, Pere Aragonès — e o Juntos pela Catalunha (centro-direita), do antigo presidente Carles Puigdemont, que continua na Bélgica, fugido à Justiça espanhola.

Esse acordo ruiu há meses, com os seguidores de Puigdemont a abandonar o executivo autonómico. Illa — que se mantém à frente do Partido dos Socialistas Catalães (PSC), o braço regional do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda) do primeiro-ministro Pedro Sánchez — vê nisso prova da falta de solidez dos separatistas e da necessidade de uma alternativa, que deseja encarnar.

Em Portugal reuniu-se com figuras como o primeiro-ministro, António Costa; o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias; ou a ex-ministra da Saúde Marta Temido. Veio, diz em entrevista ao Expresso, explicar-se e aprender. Na sua opinião, o nosso país mostra que o modelo social-democrata funciona e faz falta.

Que é para si a Catalunha? Como encaixá-la em Espanha depois de tantos tumultos?
A Catalunha é uma comunidade autónoma espanhola com personalidade política e com língua própria. Nos últimos anos, parte da população da Catalunha teve relações complicadas com Espanha, mas o sentimento maioritário dos cidadãos catalães é de querer continuar a fazer parte de Espanha e da União Europeia.