Pelo menos sete pessoas morreram, quinta-feira, em Ayacucho, no sul do Peru, em confrontos entre militares e apoiantes do Presidente deposto Pedro Castillo, anunciaram as autoridades regionais.
Estes confrontos ocorreram “em vários pontos da cidade”, segundo direção regional da Saúde. Perto do aeroporto de Ayacucho a violência causou dois mortos, indicou o Defensor do Povo peruano.
O movimento de contestação antigovernamental entra esta sexta-feira no nono dia, na sequência da detenção de Castillo, dia 7, e da decisão do Supremo Tribunal de manter o ex-chefe de Estado em prisão domiciliária mais 18 meses.
340 pessoas feridas
Quarta-feira, o Governo peruano decretou o estado de emergência em todo o país, para tentar controlar os protestos. São já 15 os mortos a lamentar: aos sete de quinta-feira somam-se oito dos dias anteriores.
Os manifestantes exigem a libertação de Castillo, a demissão na sua sucessora designada (e antiga vice), Dina Boluarte, a dissolução do Parlamento, eleições gerais imediatas e a formação de uma Assembleia Constituinte que redija uma nova Constituição.
Castillo foi detido dia 7, depois de tentar dissolver o Congresso horas antes de este votar uma moção de censura contra o seu Executivo. Uma larga maioria dos deputados veio a votar a favor da deposição, retirando ao político os privilégios que impedem os chefes de Estado de serem julgados.
O Presidente destituído acusou os deputados de “golpe de Estado”, precisamente a intenção que estes últimos lhe atribuem. Castillo considera a sua detenção “injusta e arbitrária” e promete “jamais renunciar ou abandonar” a “causa popular” que o levou ao poder.
Professor rural de origem indígena e dirigente sindical sem ligações às elites, é sobretudo apoiado nas regiões andinas, desde as presidenciais de 2021, que venceu por curta margem, na segunda volta, contra a candidata de extrema-direita Keiko Fujimori, filha do anterior Presidente Alberto Fujimori, condenado em 2009 a 25 anos de prisão, que não cumpriu na totalidade.
Uma sondagem divulgada em novembro indica que cerca de 86% dos peruanos rejeitam a composição do Parlamento. Boluarte propõe eleições para 2024, quando o prazo normal atiraria a ida às urnas para 2026.
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