Internacional

Pequim admite que variante ómicron da covid é menos virulenta e sugere fim da política ‘covid zero’

Instalações médicas contra a pandemia na cidade de Hohhot, na região chinesa da Mongólia Interior
Instalações médicas contra a pandemia na cidade de Hohhot, na região chinesa da Mongólia Interior
VCG/Getty Images

A vice-primeira-ministra chinesa encarregue de supervisionar as políticas de prevenção epidémica reconhece mudanças na pandemia. A virulência da covid-19 “está a enfraquecer”, explica, pelo que se justifica abandonar a meta de não tolerar novos casos. Anúncio surge dias depois dos maiores protestos contra a ditadura comunista desde 1989

A vice-primeira-ministra chinesa encarregue de supervisionar as políticas de prevenção epidémica reconheceu esta quinta-feira que o país está numa “situação nova”. A virulência da covid-19 “está a enfraquecer”, sinalizando o fim da estratégia de ‘zero casos’.

Sun Chunlan “ouviu as opiniões e sugestões dos especialistas” da Comissão Nacional de Saúde da China sobre como “aprimorar as medidas de contenção”, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. Além de a variante ómicron ter virulência “reduzida”, a responsável salientou que “cada vez mais pessoas estão a ser vacinadas” e que “está a ser acumulada maior experiência na contenção do vírus”.

Sun, única mulher no Politburo do Partido Comunista Chinês até ao 20.º Congresso da organização, em outubro passado, recebeu a tarefa de se deslocar às cidades que registavam surtos do novo coronavírus, para instar à imposição de confinamentos e restrições, nos últimos dois anos.

Mais medicamentos, menos confinamentos

A responsável pede agora esforços para “otimizar” a resposta contra a covid-19 e “melhorar” as medidas de diagnóstico, deteção, tratamento e quarentena. Exige que o sistema de saúde aumente as reservas de medicamentos e outros recursos, para o tratamento de pacientes.

A reunião de Sun com os especialistas ocorreu após um fim de semana marcado por protestos em várias cidades da China, contra a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19.

A política da China inclui a imposição de bloqueios em bairros ou cidades inteiras, que podem demorar semanas ou meses, a realização constante de testes em massa, e o isolamento de todos os casos positivos e respetivos contactos diretos em instalações designadas, muitas vezes em condições degradantes.

Esta estratégia gerou uma sucessão de tragédias e casos de abuso da autoridade, culminando em protestos em larga escala, suscitados por um incêndio mortal, num prédio na cidade de Urumqi, no noroeste da China, sexta-feira passada.

Os manifestantes dizem que os bloqueios no bairro, no âmbito das medidas de prevenção epidémica, atrasaram o acesso do camião dos bombeiros. Os moradores também não conseguiram escapar do prédio, cuja porta estava bloqueada.

Até à data, a liderança chinesa justificou as medidas extremas com o facto de a China ter uma grande população, níveis desiguais de desenvolvimento entre regiões e “recursos médicos insuficientes”.

Segundo dados oficiais, desde o início da pandemia morreram 5.233 pessoas na China devido a infeção pelo novo coronavírus. Estudos sustentam que a estratégia chinesa salvou milhões de vidas.

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