Eleições nos EUA: os democratas vão continuar a controlar o Senado, mas porque é que isso era tão importante para Joe Biden?
Presidente dos EUA, Joe Biden
KEVIN LAMARQUE/REUTERS
À beira de completar 80 anos, o presidente norte-americano saiu reforçado das eleições intercalares, com a garantia do controle do Senado por parte dos democratas. Nos dois anos que se seguem, Biden terá um processo mais facilitado para as nomeações do seu executivo e escolhas de juízes, incluindo para lugares no Supremo Tribunal, e evita assim que a sua agenda fique bloqueada
A vitória de Catherine Cortez Masto, no Nevada, desferiu o golpe final nas aspirações republicanas de controlar o Senado nos EUA e deu um balão de oxigénio a Joe Biden. Os democratas lideram agora com 50 lugares contra 49 dos republicanos, na câmara alta do Congresso dos EUA. E mesmo que os republicanos ganhem a restante corrida ao Senado na Geórgia, a 6 de dezembro, a vice-presidente Kamala Harris poderá votar a favor do desempate.
Mas Biden quer mais. Diz que "é simplesmente melhor" se os democratas chegarem a 51 lugares. A almofada extra facilita a gestão de uma maioria e ajudará em 2024, quando o partido tiver mais lugares em risco para defender.
A importância desta maioria é que abre caminho para Joe Biden colocar nos tribunais federais, nos próximos dois anos, mais nomeados seus, bem como fazer passar as nomeações para a sua administração. Há mais, nota a BBC: se um lugar no Supremo Tribunal ficasse vago devido a uma reforma inesperada ou morte de um juiz, os republicanos não poderiam bloquear a escolha de Biden, como aconteceu em 2016, quando o então líder da maioria do Senado, Mitch McConnell, recusou votar no nomeado de Barack Obama. Também significa que os democratas do Senado podem rejeitar projetos de lei aprovados pela Câmara e podem definir a sua própria agenda.
Apesar da “onda vermelha” ter sido evitada, ainda é provável que os republicanos consigam uma maioria magra na Câmara dos Representantes, atualmente controlada pelos democratas - e isso pode provocar algumas dores de cabeça ao Presidente.
No entanto, a posição de Joe Biden dentro do seu partido tem sido reforçada: estes foram os melhores resultados em eleições intercalares, alcançados pelo partido no poder, em 20 anos - o partido do Presidente em funções tem sido quase sempre severamente punido.
Candidatos “negacionistas” das eleições de 2020 foram punidos
Os resultados destas intercalares mostraram também que os eleitores norte-americanos rejeitaram a maior parte dos republicanos extremistas que nunca aceitaram a derrota de Donald Trump em 2020 - e que tinham prometido restringir a votação e reformular o processo eleitoral, caso fossem eleitos.
O “New York Times” mostra que, deste rol de candidatos, no que toca aos estados com lutas mais renhidas, apenas um teve sucesso: Diego Morales, em Indiana.
Entretanto, Donald Trump disse que irá fazer um anúncio na próxima terça-feira, na Flórida. Crê-se que vai confirmar o lançamento de sua candidatura à Casa Branca, em 2024, apesar de já ter um opositor interno, o governador reeleito da Flórida, Ron DeSantis. A vitória com 20 pontos de vantagem naquele Estado colocou-o como forte candidato a enfrentar o ex-Presidente nas primárias republicanas. Trump não gostou de sentir sombra e já veio dizer que se DeSantis concorrer “está a cometer um grande erro”. E foi mais longe: “Se ele concorrer, vou dizer coisas sobre ele que não serão muito gentis. Eu sei mais sobre ele do que qualquer outra pessoa além de sua esposa, que é quem está realmente no comando da campanha”.
A verdade é que aumentam as críticas no seio dos republicanos após estes maus resultados, já que os candidatos apoiados por Trump não tiveram o sucesso previsto.
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