Joe Biden chamou os jornalistas à Casa Branca para comentar as eleições intercalares: “Apesar de a imprensa e os comentadores terem previsto uma onda vermelha, ela não aconteceu”, congratulou-se o Presidente democrata, sublinhando que os resultados preliminares mostram que o Partido Democrata perdeu menos lugares do que em intercalares anteriores.
“Ainda há muitas pessoas a sofrer e estão bastante preocupadas”, acrescentou, referindo-se ao impacto da inflação no custo de vida dos norte-americanos. “Não posso garantir” que a inflação vai descer, disse Biden, aludindo ao facto de não ter poderes para assegurar a estabilidade dos preços (uma responsabilidade da Reserva Federal).
No entanto, o Presidente dos EUA acredita que os resultados eleitorais validam o seu trabalho no cargo durante os últimos dois anos: “Acredito que tomamos os passos certos para o país e para a população", afirmou, lembrando o sucesso no combate à pandemia através da vacinação.
Biden afirmou ainda que está preparado para dialogar com o Partido Republicano, e anunciou que vai propor uma reunião bipartidária para discutir políticas económicas logo a seguir ao próximo encontro do G20 – até porque caso os republicanos confirmem a maioria no Congresso, vai precisar deles para aprovar novas medidas. Contudo, sublinhou que tem linhas vermelhas: não está disponível para mexer na lei dos cuidados de saúde (Medicare), por exemplo.
Quanto à possibilidade de ser investigado e destituído do cargo pelos congressistas vermelhos (impeachment), Biden foi lapidar: tal cenário seria “quase uma comédia”.
Recandidatura em 2024 está nos planos, mas decisão ainda não está tomada
Quanto ao seu futuro político, o Presidente dos EUA garantiu que está nos seus planos voltar a concorrer ao lugar de inquilino da Casa Branca. Mas também diz que não tem pressa para tomar a decisão final, e por isso talvez só a anuncie ao mundo “no início do próximo ano”.
Essa decisão não estará dependente da candidatura de Donald Trump – o seu “antecessor”, como lhe chamou. Estará sim dependente da opinião da família, com quem planeia discutir o assunto durante a época festiva que se aproxima.
E se de facto se candidatar, qual seria o adversário preferido de Biden? Donald Trump ou Ron DeSantis, governador da Florida? Biden desviou-se da pergunta com humor: “Vai ser engraçado vê-los a combater um contra o outro”, disse apenas.
Assuntos além das eleições: Ucrânia, China e Taiwan, e pandemia
Além de comentar as eleições intercalares, Biden respondeu às perguntas dos jornalistas sobre outros assuntos da atualidade norte-americana – nomeadamente as relações com a China e com o Presidente Xi Jingping, com quem é expectável que se reúna no futuro. “A nossa doutrina em relação a Taiwan não mudou de todo”, afirmou, sem no entanto dar explicações sobre como ajudaria na defesa da ilha caso a China decidisse invadi-la.
Sobre a guerra na Ucrânia, o Presidente acredita que o apoio financeiro e militar a Kiev vai continuar – apesar de vários candidatos e agora congressistas republicanos defenderem o fim destas ajudas, dada a crise que os EUA atravessam.
Biden lembrou ainda o custo da pandemia: “Perdemos mais de um milhão de mortos. Pensem em todas as crianças que não tiveram um baile de finalistas", lamentou.
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