Exclusivo

Internacional

“A Rússia nunca despertou da ditadura e o totalitarismo impôs-se passo a passo” - entrevista a uma Nobel russa silenciada

Anastasia Garina fotografada diante do tribunal de Moscovo
Anastasia Garina fotografada diante do tribunal de Moscovo
Tomás Guerreiro

Anastasia Garina é diretora executiva da Memorial, organização de defesa dos direitos humanos que o sistema judicial russo mandou dissolver, e que foi este ano um de três laureados com o prémio Nobel da Paz. Em entrevista ao Expresso fala da guerra da Ucrânia, do tempo em que a vida pareceu melhorar na Rússia e do trabalho de investigar as atrocidades da União Soviética

Tomás Guerreiro

A Memorial, uma das organizações não-governamentais (ONG) a operar há mais tempo na Rússia, foi declarada “agente estrangeiro” em 2014 e defendeu-se de uma acusação por traição em 2015. Fogo posto deflagrou na sede da instituição em 2018. No passado dia 7 de outubro ganhou o prémio Nobel da Paz. Na manhã seguinte, sofria uma rusga aos seus escritórios. A justiça moscovita sentenciou a dissolução da ONG ao princípio deste ano, após a emissão de mandados de detenção contra ativistas.

Após um percurso de três décadas ao serviço dos direitos humanos, eis a história de um Nobel da Paz silenciado à força. A Memorial foi contemplada ao mesmo tempo que a organização ucraniana Centro para as Liberdades Cívicas e o ativista bielorrusso Ales Bialitsky.

Anastasia Garina, 33 anos, diretora executiva da Memorial, descreve a Rússia de Vladimir Putin como autocracia musculada que se perpetua pelo totalitarismo e sucessivas violações dos direitos humanos. Numa sociedade sem liberdade de expressão ou de organização política, a chefe do departamento jurídico refere-se à operação especial como invasão, não antevê final feliz para a Rússia de Putin e desmonta a narrativa propagandística estabelecida pelo regime ao longo de duas décadas.

Qual a sensação de receberem o Nobel num momento tão delicado?

A Memorial é uma das ONG mais antigas na Rússia. Atravessamos um período muito negro e a sociedade civil não reconhece a pertinência de defender os direitos humanos. Continuamos a lutar por uma causa perdida. É positivo que o Nobel tenha sido entregue à Memorial. Dá força aos ativistas, que quase já não possuem instrumentos legais para influenciarem o sistema político ou o sistema judicial. O Governo esmaga qualquer movimento contestatário, qualquer intenção de respeito pelos direitos humanos é marginalizada.

Artigo Exclusivo para assinantes

Assine já por apenas 1,63€ por semana.

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas