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“Estamos a pagar por não compreendermos as raízes sociais e psicológicas do fascismo”

Paul Mason, jornalista, radialista, documenarista comentador e escritor
Paul Mason, jornalista, radialista, documenarista comentador e escritor

Paul Mason é um jornalista britânico, radialista, documentarista, comentador e escritor. Esteve em Portugal no Festival Folio de Óbidos e falou ao Expresso a propósito do seu mais recente livro: “Como travar o fascismo”. Pode ler outra parte desta entrevista na edição impressa do Expresso de sexta-feira, 28 de outubro de 2022

No Folio Festival de Óbidos, no início de outubro, Paul Mason promoveu o seu último livro, “Como travar o fascismo”. É uma análise do presente que identifica a tarefa dos próximos 20 anos: “Lutar até vencermos”. O escritor defende a reformulação da esquerda humanista para combater os ataques à democracia.

Fala de moral, de memória, do exemplo das pessoas da classe trabalhadora no seio da qual cresceu em Leigh, no centro do Reino Unido. Jornalista (“The Guardian”, “New Statesman”), radialista (Channel 4), documentarista, escritor, é pré-candidato a deputado pelo círculo de Sheffield Central, que espera representar em nome do Partido Trabalhista. No dia da entrevista explodia a ponte que liga a Rússia à Crimeia. Na véspera, o Comité Nobel atribuíra o Prémio da Paz 2022 a um ativista bielorrusso e a duas organizações não governamentais da Ucrânia e da Rússia.

Comecemos pela sua bio no Twitter: “Jornalista, Antifascista”. Isto vem de longe na sua vida?

Sim. Ainda que tenha vivido em Londres quase toda a minha idade adulta, venho de Leigh, cidade de 40 mil habitantes que enviou soldados para as duas Guerras Mundiais e mineiros para a Guerra Civil Espanhola. A minha cidade tinha 80% de socialistas e 20% de conservadores quando nasci, em 1960. Nos anos 70 e 80, passou a 60% de socialistas, 20% de liberais e 20% de conservadores. À medida que as pessoas enriqueceram, de repente, depois de 2005, passou a 5% de fascistas, quando o Partido Nacionalista Britânico não tinha direito a reunir-se nem a ter sede. Depois passou a 20% dos voots pelo UKIP, um partido pró-Brexit que exprimia abertamente racismo, misoginia, um pouco como o Chega. De repente, esses 20% passaram a 50% de conservadores. O que se passou foi uma avalanche de xenofobia em torno do Brexit, focado nos migrantes da Europa de Leste e refugiados de pele escura. Esta incrível cultura popular de solidariedade de esquerda desintegrou-se e, quando os trabalhistas fizeram campanha nas eleições de 2019, perderam pela primeira vez em 100 anos. Foi uma cidade liberal, depois socialista, conservadora é que nunca foi. Na minha adolescência o fascismo tinha sido derrotado na II Guerra Mundial e, de repente, em 1974, 1975, voltávamos a ter fascismo nas ruas do Reino Unido, pessoas a marchar e a fazer a saudação nazi empunhando bandeiras Union Jack e pedindo a deportação dos imigrantes. A atmosfera mudou.

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