
Candidatos afetos a Donald Trump espalham teses conspirativas em campanha, mas mesmo assim seguem favoritos. O futuro da democracia americana joga-se nas intercalares de novembro, apesar do relativo desinteresse da opinião pública, com uma exceção
Candidatos afetos a Donald Trump espalham teses conspirativas em campanha, mas mesmo assim seguem favoritos. O futuro da democracia americana joga-se nas intercalares de novembro, apesar do relativo desinteresse da opinião pública, com uma exceção
A maioria dos candidatos republicanos às eleições intercalares de 8 de novembro não acredita na validade dos resultados das presidenciais de 2020. Paulina Luna, por exemplo, favorita na corrida a um dos 435 lugares na Câmara dos Representantes, assegura que o software usado na contagem de votos “favoreceu” o democrata Joe Biden.
Mark Finchem, candidato a secretário de estado do Arizona, elemento do governo local com a competência de supervisionar o processo eleitoral, promete lutar por legislação que permita ao congresso estadual anular os votos de qualquer sufrágio “suspeito”.
A maioria dos candidatos republicanos às eleições intercalares de 8 de novembro não acredita na validade dos resultados das presidenciais de 2020. Paulina Luna, por exemplo, favorita na corrida a um dos 435 lugares na Câmara dos Representantes, assegura que o software usado na contagem de votos “favoreceu” o democrata Joe Biden.
Mark Finchem, candidato a secretário de estado do Arizona, elemento do governo local com a competência de supervisionar o processo eleitoral, promete lutar por legislação que permita ao congresso estadual anular os votos de qualquer sufrágio “suspeito”.
Há cerca de dois anos, Finchem defendeu isso mesmo, sugerindo a anulação dos votos do condado de Maricopa, o mais populoso do Arizona, alegando que boletins oriundos da China teriam sido contabilizados a favor de Biden. Os tribunais não lhe deram razão e muito menos uma auditoria promovida por um grupo afeto a Donald Trump, os “Cyber Ninja”, que, durante várias semanas, investigaram “vestígios de bambu chinês no material impresso”.
Por fim, Doug Mastriano, o candidato a governador da Pensilvânia que crê na tese da “grande fraude de 2020”, acrescentando que a invasão do Capitólio a 6 de janeiro de 2021 foi uma “marcha de patriotas”. Mastriano sabe do que fala, pois participou nela, escapando até hoje à Justiça, que, nos últimos meses, julgou e condenou a pena de prisão vários daqueles “patriotas”, alguns acusados do crime de sedição.
No total, calcula-se que perto dos 300 políticos afetos ao movimento criado por Donald Trump, que, por agora, integra o Partido Republicano, propagam teorias daquele género. Mais de dois terços são favoritos, o que poderá criar uma rede de conspiradores com raízes na burocracia de cada um dos 50 estados.
As corridas em causa, que decidirão, acima de tudo, parte dos futuros governadores e o novo elenco da Câmara dos Representantes e do Senado, terão impacto na forma como as futuras presidenciais serão supervisionadas. “Como sempre, presta-se pouca atenção às intercalares”, diz ao Expresso Andrew Smith, professor de Ciência Política na Universidade de New Hamphire. “As presidenciais são sempre mais apelativas. Porém, acredito que estas serão as intercalares mais importantes desde 1994 (ciclo onde o Partido Republicano conquistou uma maioria no Congresso ao fim de 40 anos na oposição). Independentemente de uma vitória ou derrota republicana, uma coisa é certa: a saúde do Partido Republicano e a saúde da democracia americana irá piorar”.
Por tradição, o partido que apoia o presidente perde as intercalares. As sondagens que apontam para uma vitória conservadora reforçam a ideia de que a tendência se manterá.
Com a Economia prestes a aterrar de emergência para evitar um ciclo de inflação ainda mais destrutivo, algo que, provavelmente, precipitará uma recessão, o argumento da Casa Branca de que necessita de manter o poder legislativo em mãos democratas sai fragilizado.
Mesmo que aponte para as conquistas, caso do plano de infraestruturas e do programa de combate às alterações climáticas, num valor total de quase 1,5 biliões de dólares (1,53 biliões de euros). Acrescente-se que a taxa de desemprego cifra-se nos 3,5%, parte da dívida estudantil será perdoada e a classe média, no geral, paga menos impostos. Contudo, nada parece inverter o tal curso previsível da campanha.
“A vitória poderá não ser tão esmagadora devido à decisão do Supremo Tribunal de abolir o direito constitucional de abortar. O voto feminino irá mobilizar-se, mas, num contexto de intercalares, tal não deverá ser suficiente”, afirma ao Expresso Richard Fording, professor de Ciência Política na Universidade do Alabama.
Ontem, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o perdão de todos os crimes associados à posse de Marijuana, que, conforme a lei federal, recebe uma classificação igual à da heroína ou da LSD.
De imediato, a oposição republicana acusou os rivais de eleitoralismo, visto que a medida colhe um forte apoio junto do eeleitorado jovem. Esta manhã, o “Council Research Institute” revelou um estudo que aponta para um aumento da participação eleitoral daquele segmento da população.
Segundo a pesquisa, 59% dos americanos com idades compreendidas entre 18 e os 29 anos assegura que irá votar em novembro, algo que, a confirmar-se, revela um aumento de 23% em comparação com 2018.
O crescente envolvimento dos mais novos no processo eleitoral é uma das principais tendências da política americana. Em 2014, apenas 20% votou nas intercalares.
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