30 setembro 2022 13:45

A bandeira chinesa está bem presente na fronteira da região de Xinjiang
greg baker/afp via getty images
Aos olhos do último relatório das Nações Unidas, Xinjiang foi palco de violações de direitos humanos. A China contesta e diz que o documento se baseia em desinformação. Os ativistas Nurgul Sawut e Abduweli Ayup descreveram ao Expresso como acreditam que serem vocais sobre o que se passa em Xinjiang levou familiares seus a sofrerem repercussões. Com confinamentos impostos no contexto da pandemia, no início do mês surgiram denúncias de limitações no acesso a comida
30 setembro 2022 13:45
Nurgul Sawut não vê a família desde 2016. A mãe morreu entretanto, não sabe em que dia. A última vez que esteve em Ghulja, cidade onde nasceu, no oeste da província chinesa de Xinjiang, perto da fronteira com o Cazaquistão, foi para o funeral do pai. Esta ativista uigure, residente na Austrália, não hesita em culpar-se pela morte da mãe. “Não sei bem o que se passou. Sei que ela foi presa por algo que eu disse, depois libertada, depois sentiu-se mal e um sobrinho dela chamou a ambulância. Só que quem veio buscá-la foi um carro da polícia, e já chegou morta ao hospital, disse-me esse sobrinho.”
Já não tenta compreender a história que lhe foi passada. Não há resultados da autópsia à mãe, o sobrinho assinou o papel a comprometer-se com o seu enterro imediato, ou não libertariam o corpo. “É a forma que a China tem de me torturar pelo meu trabalho, é assim que pressionam os uigures que denunciam o genocídio.” As suas duas irmãs mais velhas não lhe falam. “Uma foi presa por minha causa, torturada, por isso nenhum membro da minha família deseja contactos comigo. E também não vou contactá-los porque é certo que os ponho em perigo”, diz ao Expresso a partir da capital australiana, Camberra, numa conversa através da plataforma Signal.