Internacional

EUA anunciam sanções à “Polícia de moralidade” iraniana

Morte da jovem Mahsa Amini, detida por uso incorreto do véu, gerou uma onda de protestos
Morte da jovem Mahsa Amini, detida por uso incorreto do véu, gerou uma onda de protestos
WAEL HAMZEH/EPA/Lusa

Sanções económicas são dirigidas à “polícia de moralidade” iraniana e a diversos responsáveis da segurança

O Governo dos Estados Unidos anunciou esta quinta-feira sanções económicas dirigidas à “polícia de moralidade” iraniana e a diversos responsáveis da segurança por “violência contra os manifestantes” em protestos pela morte de uma jovem detida.

“Estas sanções são dirigidas “à polícia de moralidade do Irão e a altos responsáveis por esta opressão”, e “demonstram o claro compromisso da administração Biden-Harris na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres, no Irão e no mundo”, declarou em comunicado Janet Yellen, secretária do Tesouro (Finanças) norte-americana.

Ainda em comunicado, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, considerou que o Governo de Teerão “deve por termo à sua perseguição sistemática de mulheres e permitir os protestos pacíficos”.

A jovem Mahsa Amini, de 22 anos, foi detida na terça-feira passada pela designada “Polícia de moralidade” de Teerão, onde se encontrava de visita, por alegadamente trazer o véu de forma incorreta e transferida para uma esquadra com o objetivo de assistir a “uma hora de reeducação”.

Morreu três dias mais tarde num hospital onde chegou em coma após sofrer um ataque cardíaco, que as autoridades atribuíram a problemas de saúde, versão rejeitada pela família.

Desde então multiplicaram-se os protestos em pelo menos 20 cidades, com a morte de pelo menos 17 pessoas, segundo anunciou hoje a televisão estatal iraniana.

“Foram mortas 17 pessoas, entre elas manifestantes e polícias, nos incidentes dos últimos dias”, afirmou a televisão IRBI, ao referir tratar-se de uma contagem e que não constituem dados oficiais.

A Iran Human Rights (IHR), uma organização não governamental (ONG) sediada em Oslo referiu-se a um balanço mais elevado, ao referir-se a pelo menos 31 civis mortos no Irão desde o início das manifestações.

“O povo iraniano desceu às ruas para se bater pelos direitos fundamentais e a sua dignidade humana (…) e o Governo respondeu a estas manifestações pacíficas com balas”, denunciou em comunicado o diretor da ONG, Mahmood Amiry Moghaddam, ao emitir um balanço após seis dias de protestos.

Em paralelo, a poderosa Guarda Revolucionária do Irão definiu ainda hoje como “sedição” os protestos por Masha Amini e pediu ao poder judicial que proceda ao julgamento “de quem dissemina rumores e mentiras” nas redes sociais e nas ruas.

O corpo militar referia-se aos recentes atos de “sedição” que foram “organizados pelo inimigo”, num duro comunicado onde também envia condolências à família da falecida.

“Pedimos ao judiciário que identifique os que disseminam rumores e mentiras nas redes sociais e nas ruas e atue decididamente contra eles”, acrescentou esta divisão de elite das Forças armadas iranianas.

Na noite de quarta-feira o Governo iraniano bloqueou a internet quase totalmente e condicionou as aplicações WhatsApp e Instagram, numa aparente tentativa de controlar os protestos.

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