Um dirigente dos Irmãos de Itália, partido da extrema-direita favorito à vitória nas legislativas italianas de domingo, causou ira esta quarta-feira após a divulgação de um vídeo em que está a fazer a saudação “romana”, semelhante a um ritual fascista.
Romano La Russa, irmão do cofundador do Fratelli d'Italia (FdI – Irmãos de Itália), Ignazio La Russa, surge no vídeo, que entretanto se tornou viral nas redes sociais, com o braço estendido durante uma cerimónia numa rua de Milão (norte), a 19 deste mês.
O oficial de segurança da região da Lombardia, da qual Milão é a capital, assistia ao funeral de uma figura da direita neofascista italiana, Alberto Stabilini, que também era seu cunhado.
Para Romano La Russa, tratou-se de uma “tradição militar e não de uma saudação fascista”.
“Quando se jura fidelidade à República Italiana como soldado, o juramento exige que se faça uma saudação com os braços estendidos. E seriam todos fascistas? Não. É a mesma coisa”, argumentou, enfatizando que o falecido tinha sido um soldado.
“O fascismo está morto e enterrado: o comunismo permanece”, concluiu Romano La Russa, citado pela agência noticiosa italiana ANSA.
Para o presidente da Região da Lombardia, Attilio Fontana, membro da Liga que disputa as eleições em coligação com os Irmãos de Itália e a Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, trata-se de “comportamentos que não fazem parte da visão” dos três partidos.
O ex-primeiro-ministro de centro-esquerda Matteo Renzi condenou o que considerou ser um “gesto totalmente repreensível”, admitindo, no entanto, não haver qualquer risco de o fascismo regressar a Itália.
Vários líderes políticos pediram o encaminhamento da ação de Romana La Russa para a justiça sob a acusação de “apologia ao fascismo”.
O código penal italiano prevê o delito de apologia, mas a jurisprudência recente sustenta que o crime não é constituído automaticamente se a vontade de reorganização estruturada do fascismo não for manifesta.
A administração dos Irmãos de Itália ainda não comentou o episódio.
Na terça-feira, um candidato parlamentar dos Irmãos de Itália foi suspenso de todas as funções internas depois de elogiar Adolf Hitler nas redes sociais.
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