Os referendos que vão realizar-se na região separatista do Donbass, entre sexta-feira, 23 de setembro, e terça-feira, 27, “não vão alterar a dinâmica no terreno” militar, explica ao Expresso o investigador Bruno Cardoso Reis: “Estes referendos não são relevantes em termos internacionais, apesar de um conflito militar ser o reino da imprevisibilidade", acrescenta o docente do ISCTE.
Reis lembra que estas consultas populares vão realizar-se mais tarde do que era esperado (estimou-se que se realizariam no início de setembro) e são “a confissão de uma certa atrapalhação entre os ucranianos que apoiam a Rússia”.
Denis Pushilin, líder da autoproclamada República Popular de Donetsk, dirigiu-se nas redes sociais a Vladimir Putin: “Peço-lhe que atue o mais rápido possível, em caso de votação favorável no referendo, de que não duvidamos. E que considere Donetsk (e Luhansk) parte da Rússia”.
A reforçar a falta de relevância internacional destas votações, Washington vê a convocação dos dois referendos como sinal de fraqueza de Moscovo na Ucrânia. Já a NATO alerta para o risco de “nova escalada da guerra”.
“A Rússia está a realizar referendos falsos, porque continua a perder terreno no campo de batalha”disse o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. Estas votações “são uma afronta aos princípios de soberania e da integridade territorial”.
“Serão manipulados”, e serão um argumento que a Rússia usará para anexar esses territórios", alerta Sullivan.
Stoltenberg: “Referendos não têm legitimidade”
“Esses referendos falsos, não têm legitimidade e não mudam a natureza da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”, escreveu o secretário-geral da NATO na rede social Twitter.
Jens Stoltenberg lembra que “a comunidade internacional deve condenar esta flagrante violação do direito internacional”. A seu ver, uma “vergonha”.
Recorde-se que Vladimir Putin reconheceu estas autoproclamadas repúblicas separatistas antes da invadir a Ucrânia, a 24 de fevereiro. Os pró-russos da região de Zaporíjia e da zona de Kherson também pedem a realização de um referendo sobre a adesão à Rússia, o mais brevemente possível.
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