O enviado especial dos Estados Unidos para o Corno de África, Mike Hammer, manifestou ao primeiro-ministro etíope, Abyi Hamed, as preocupações de Washington relativamente ao reacendimento dos combates no Tigray e à “reentrada da Eritreia no conflito”.
De acordo com uma nota hoje divulgada pelo Departamento de Estado norte-americano, Hammer sublinhou ainda a Adis Abeba e às autoridades do estado etíope do Tigray, no norte da Etiópia, a “necessidade urgente de redobrarem esforços para iniciarem conversações lideradas pela União Africana (UA), com o objetivo de alcançarem o fim permanente do conflito”.
Hammer esteve na Etiópia entre 05 de setembro e a passada sexta-feira, onde se reuniu com funcionários governamentais etíopes, membros da administração estadual do Tigray e com representantes da UA e vários parceiros internacionais, e propõe-se “continuar os esforços diplomáticos” norte-americanos de mediação à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque durante esta semana.
O Departamento de Estado fez saber que Hammer reiterou a necessidade do acesso humanitário às regiões de Tigray, Afar e Amhara, ser feito sem entraves e sublinhou, junto dos seus interlocutores, o primado do respeito pelos direitos humanos e dos esforços para que se evitem baixas civis.
Hammer “levantou a questão dos relatórios continuados de detenções com base étnica, e insistiu na responsabilização dos responsáveis pelas atrocidades e que seja feita justiça em nome das vítimas e dos sobreviventes”, afirma a nota.
“Os Estados Unidos congratulam-se com a reafirmação pelo Governo da Etiópia da disponibilidade para participar nas conversações [de paz], bem como com a declaração de 11 de setembro das autoridades estaduais do Tigray, aceitando um processo liderado pela UA”, segundo a nota, que sublinha o empenho de Washington num “seguimento tangível” destes compromissos.
A guerra no Tigray eclodiu em 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército federal para aquele estado no norte do país, com a missão de retirar pela força os dirigentes locais da TPLF que vinham a desafiar a autoridade de Adis Abeba há muitos meses.
O pretexto específico da invasão foi um alegado ataque das forças estaduais a uma base militar federal no Tigray, e a operação foi inicialmente caracterizada por Adis Abeba como uma missão de polícia, que tinha como objetivo restabelecer a ordem constitucional e conduzir perante a justiça os responsáveis pela sua perturbação continuada.
O conflito na Etiópia provocou a morte de vários milhares de pessoas e fez mais de dois milhões de deslocados, deixando ainda centenas de milhares de etíopes em condições de quase fome, de acordo com a ONU. O reacendimento dos combates no final de agosto marcou o fim de uma trégua acordada no final de março e até então respeitada.
Desde a eclosão do conflito em novembro de 2020, dezenas de milhares de pessoas terão sido mortas e milhões deslocadas nas regiões de Tigray, Amhara e Afar.
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