No seu discurso previamente gravado e dirigido às nações do Reino Unido, o rei Carlos III não poupou nas palavras para homenagear a mãe, a rainha Isabel II, que morreu na quinta-feira, aos 96 anos. O monarca descreveu “Sua Majestade” como um exemplo para todos. “Uma inspiração, um exemplo para mim e para toda a minha família”, disse o rei.
De resto, a devoção e a comoção foram ainda mais evidentes quando Carlos III afirmou: “Devemos-lhe a dívida mais sincera que qualquer família pode ter para com a sua mãe.” Refletindo sobre quase um século de vida, o rei fez questão de vincar que tudo fará para manter o mesmo grau de compromisso com os valores constitucionais. “A rainha Isabel teve uma vida bem vivida; uma promessa com o destino cumprido, e ela é lamentada profundamente nesta sua passagem. Essa promessa de serviço ao longo de toda a vida eu renovo perante todos vocês hoje.”
No seu 21.º aniversário, em 1947, a ainda princesa prometeu dedicar a sua vida “ao serviço do seu povo”, e essa promessa mereceu o elogio do filho mais de 70 anos depois. “Foi mais do que uma promessa: foi um profundo compromisso pessoal que definiu toda a sua vida. Ela fez sacrifícios pelo dever. A sua dedicação e devoção como soberana nunca cedeu, em tempos de mudança e progresso, em tempos de alegria e celebração, e em tempos de tristeza e perda.” Carlos fez ainda questão de realçar como a rainha subiu ao trono num momento em que o mundo ainda lidava com as dificuldades e privações da II Guerra Mundial, "ainda vivendo de acordo com as convenções de tempos anteriores”.
No entanto, sete décadas mudaram o mundo. “As instituições do Estado, por sua vez, mudaram. Mas, apesar de todas as mudanças e desafios, a nossa nação e a família mais ampla dos reinos - de cujos talentos, tradições e realizações estou tão inexprimivelmente orgulhoso - prosperaram e floresceram." Carlos III foi firme naquela que também foi a mensagem da rainha em todo o reinado: "Os nossos valores permaneceram e devem permanecer constantes.”
O novo monarca prometeu defender os “princípios constitucionais no coração da nação”, como fez a rainha Isabel II “com uma devoção inabalável”.
Também não faltaram os recados à família. Lembrando que o “carinho, admiração e respeito” foram marcas registadas do reinado da matriarca, o rei dirigiu-se à família. “Como todos os membros da minha família podem testemunhar, ela combinou essas qualidades com cordialidade, humor e uma capacidade infalível de ver sempre o melhor nas pessoas.”
Carlos III reconheceu que a sua vida “claramente mudará” quando assumir as novas responsabilidades como monarca. No entanto, também a vida da restante família será alterada: o seu filho e herdeiro, o príncipe William, passará a ser o duque da Cornualha e príncipe de Gales. “Com Catherine ao lado dele, o nosso novo príncipe e princesa de Gales continuarão a inspirar e a liderar os nossos debates nacionais, ajudando a dar atenção aos marginalizados.”
“Quero expressar o meu amor por Harry e Meghan, enquanto continuam a construir as suas vidas no estrangeiro”, disse ainda Carlos III. O rei admitiu que “contou com a ajuda amorosa" da "querida esposa, Camilla”, que se torna sua rainha consorte “em reconhecimento ao seu serviço público leal”.
Por fim, o seu discurso voltou ao ponto de partida: a sua mãe, a rainha Isabel II. “Ao iniciar a sua última grande jornada para se juntar ao meu querido e falecido papá, quero simplesmente dizer isto: obrigado. Obrigado pelo seu amor e devoção à nossa família e à família das nações que serviu tão diligentemente todos estes anos. Que anjos cantem na hora do teu descanso.”
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