“Lutar contra Putin é como estrangular uma enorme anaconda, leva tempo, pode ser muito tempo, mas vamos conseguir”

Vladimir Milov fez parte do Governo russo durante a primeira presidência de Vladimir Putin. Foi vice-ministro da Energia (2002), conselheiro do ministro da Economia (2001-2002) e chefe do Departamento Estratégico da Comissão Federal da Energia (1999-2001). Desde 2008 que faz “tudo o que pode para inflingir dor” a Putin e é um dos quatro homens que fundaram em 2010 o Partido da Liberdade. Desde 2015 que é o conselheiro para a economia e relações internacionais de Alexey Navalny. Acredita que os cidadãos russos estão menos iludidos com Putin do que podem parecer e fala sobre a perseguição policial que os obriga a optar pelo silêncio. Ainda assim, reconhece haver grande fascínio imperialista no apoio ao Presidente russo.

Como é a experiência de estar por dentro do sistema e mudar para uma oposição expressiva. É o inimigo n.º 2 de Vladimir Putin a seguir a Alexey Navalny?
Estou no topo da lista, no top dez dos inimigos.

Vive na Lituânia desde há um ano e meio. Porquê?
Tive de fugir de Moscovo.

Como é que soube que tinha de fugir?
Porque toda a gente foi presa. Quando o Navalny regressou à Rússia houve grandes protestos e eles apanhavam as pessoas à saída das suas casas e prendiam-nas. Eu vivia num edifício residencial muito grande, com 22 andares, onde vivem cerca de 2000 pessoas, entre os quais muitos apoiantes. Um dia estava a preparar-me para sair e vieram dizer-me que havia mais de 20 polícias à entrada do meu apartamento. Eu não saí e eles não tinham mandado para entrar. Todos os apoiantes de Navlany na altura ou tinham emigrado ou estavam já presos. Percebi que se ficasse mais tempo acabaria como eles. Organizámos uma operação de extração da minha casa, não foi fácil, mas conseguimos e agora estou na Lituânia.