A “última conservadora verdadeira”, “Thatcher 2.0”, “rainha do Instagram político”. Elizabeth Truss nasceu demasiado tarde para poder dizer-se uma yuppie, mas ler os discursos que tem feito desde que se juntou aos conservadores, e principalmente aqueles que escreveu já depois de ter ocupado posições governativas, é como abrir um portal para os anos 80, quando o mercado desregulado e o recuo do Estado na economia apareceram como as ideias salvíficas de toda uma geração. Ora Truss nasceu em 1975, e em criança viveu bem longe, geográfica e ideologicamente, desse fenómeno chamado Margaret Thatcher, que agora quer emular. Nada que a tenha impedido de, aos nove anos, ter decidido pela personagem da Dama de Ferro numa peça de teatro na escola. A peça incluía um ato eleitoral completo, com cada criança a depositar um voto na urna e tudo. “Não recebi nem um voto, nem sequer votei em mim mesma”, conta Truss quando algum jornalista lhe pergunta se a ambição de ser chefe de Estado começou aí. É possível, mas o terror a ser vista como perdedora começou bem antes.
Num perfil para a Rádio 4 da BBC, o seu irmão, Francis contou que, ainda em criança, “Liz desenhava estratégias para fazer batota e ganhar no monopólio”. Quando era descoberta ou perdia, fugia para o quarto ou desistia de jogar. Há quem diga que a ambição da nova líder dos conservadores é mesmo “o seu principal atributo, que ultrapassa em muito as suas capacidades reais”, na frase demolidora da ex-deputada conservadora Anna Soubry ao “Guardian” há cerca de um mês.
Truss, de 47 anos, foi a primeira mulher conservadora a ser nomeada ministra dos Negócios Estrangeiros, da Commonwealth e do Desenvolvimento, cargo que passou a ter de acumular com o de negociadora principal do Brexit depois do pedido de demissão de David Frost, antigo ocupante do cargo, conhecido no Reino Unido como “ministro para o Brexit”.
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