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Alemanha vai manter duas centrais nucleares a operar até à primavera de 2023

Alemanha vai manter duas centrais nucleares a operar até à primavera de 2023
Alexandra Beier/Getty Images

Governo de Olaf Scholz, do qual fazem parte os ambientalistas, reconsidera, desta forma, o encerramento definitivo das três últimas centrais alemãs, programado para o final de 2022, de acordo com o cronograma de desativação nuclear decidido pela ex-chanceler Angela Merkel, após o desastre de Fukushima

A Alemanha anunciou esta segunda-feira que manterá duas centrais nucleares de prontidão até à primavera de 2023, uma reviravolta considerada necessária para lidar com a possível escassez de energia.

O Governo de Olaf Scholz, do qual fazem parte os ambientalistas, reconsidera, desta forma, o encerramento definitivo das três últimas centrais alemãs, programado para o final de 2022, de acordo com o cronograma de desativação nuclear decidido pela ex-chanceler Angela Merkel, após o desastre de Fukushima.

“É muito improvável que o sistema elétrico passe por situações de crise, por algumas horas durante o inverno. Mas a possibilidade não pode ser totalmente descartada, neste momento”, justificou o ministro ecologista da Economia, Robert Habeck, citado num comunicado do Governo.

Duas centrais de energia no sul do país, Isar 2 (perto de Munique) e Neckarwestheim 2 (Baden-Württemberg, sudoeste), permanecerão de prontidão para lidar com qualquer emergência energética. “A energia nuclear é, e continua a ser, uma tecnologia de alto risco e os resíduos altamente radioativos pesam em dezenas de gerações vindouras”, justificou o ministro.

O ministro com a pasta do meio ambiente foi um dos mais relutantes na adoção desta medida, insistentemente reivindicada pelos seus colegas liberais dentro da coligação governamental.

Para Habeck, "uma extensão da vida útil não seria defensável, mesmo no que diz respeito ao estado de segurança das centrais nucleares. (…) Não podemos brincar com a energia nuclear”, defendeu o ministro.

Além das restrições ao fornecimento de gás russo, Habeck invocou o facto de cerca de metade das centrais nucleares de França terem sido encerradas e lembrou a seca, que está a enfraquecer a produção de centrais hidroelétricas nos países vizinhos.

No início de agosto, o chanceler Olaf Scholz tinha preparado o terreno para a medida hoje anunciada, temendo o impacto da ideia junto de uma população tradicionalmente desfavorável à energia nuclear.

Um primeiro teste em março concluiu que as três centrais nucleares ainda em funcionamento na Alemanha não eram necessárias para garantir a segurança energética da maior economia europeia.

Atualmente, essas centrais produzem apenas 6% do volume líquido de eletricidade da Alemanha. "É um debate que tradicionalmente gera polémica na Alemanha. Desperta muitas emoções", admitiu Habeck.

Perante a ameaça de escassez de energia neste inverno, o Governo alemão já decidiu aumentar o uso do carvão, uma energia particularmente poluente.

Na semana passada, a gigante russa Gazprom anunciou que o seu gasoduto Nord Stream - que liga a Rússia ao norte da Alemanha e que deveria ter retomado o serviço no sábado, após os trabalhos de manutenção - ficaria totalmente paralisado até que uma turbina fosse reparada.

No domingo, o chanceler Scholz tentou tranquilizar a população, dizendo que a Alemanha "será capaz de enfrentar este inverno", garantindo o fornecimento de energia, apesar das ameaças vindas da Rússia, mas salientou que serão necessárias várias mudanças no mercado da eletricidade.

Como em outros países da União Europeia, o aumento dos preços está a causar preocupação pública e os apelos a manifestações, principalmente por iniciativa da extrema-direita ou da extrema-esquerda.


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