José Ulisses Correia e Silva afirma que os partidos têm a "responsabilidade de ser mais atrativos”. O primeiro-ministro (PM) de Cabo Verde falou esta sexta-feira na primeira sessão do segundo dia das Conferências do Estoril, que decorrem na Nova School of Business and Economics (NOVA SBE), em Cascais. Para o governante, cativar os jovens para a política “não é fácil”. Por isso, “os partidos precisam de se reinventar”.
Questionado sobre outros desafios que os sistemas democráticos enfrentam atualmente, o PM cabo-verdiano considerou que “ninguém é imune" às "doenças” da democracia, como o populismo, que tem vindo a ganhar terreno com o advento das redes sociais.
“A democracia não é definitiva, nós sabemos isso”, alerta. Assim, e admitindo que o fenómeno afeta também o seu país, sublinha a “responsabilidade enorme” dos partidos e sistemas democráticos para garantir que, mesmo que existam partidos populistas, estes se mantenham nas margens.
Durante a sessão, sob o tema “Democracia em Países em Desenvolvimento”, José Ulisses Correia e Silva foi igualmente questionado sobre as particularidades de Cabo Verde enquanto país que a sua interlocutora, a professora da SBE Cátia Batista, afirmou ser um exemplo de democracia em África.
Sobre este tema, o governante sublinhou que todos os países do continente são diferentes nas suas especificidades. Em comum têm contudo uma riqueza de recursos. “O mais importante é o que fazemos com os resultados da transformação dessa riqueza. Há muitos países que o fazem bem, há muitos países que na nossa opinião o fazem mal”, afirmou.
No caso de Cabo Verde, o PM destacou entre estes recursos o enorme território marítimo, “do tamanho do Texas”, que “tem potencialidades enormes”. “É isso que transformamos em educação, em tecnologia e em bem-estar da população.” A educação, considera, é um importante “fator de controlo democrático”, porque torna as pessoas mais exigentes e conscientes dos seus direitos.
“Para nós não há dúvida, a democracia e o desenvolvimento estão muito ligados”, defende.
Para o sucesso da experiência democrática no país, o PM de Cabo Verde destaca também a importância de um Parlamento forte e uma Constituição de referência. Contudo, avisa: “sabemos que isso não basta." É necessário escrutínio político, que no caso do país é feito não só pelos cabo-verdianos a viver em Cabo Verde mas também pela diáspora.
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