O nome de Marcelo Rebelo de Sousa foi evocado durante o primeiro debate entre candidatos presidenciais no Brasil, domingo à noite. A candidata Soraya Thronicke, do partido União Brasil, criticou o Governo de Jair Bolsonaro pela resposta à pandemia. Acusa o Presidente de não ter criado um programa que respondesse à ausência das crianças da escola – e deu Portugal como exemplo a seguir.
“Durante a pandemia, tivemos as nossas crianças fora da escola, e o Governo não conseguiu fazer um programa que resolvesse isso. Simples seria se ele utilizasse o mesmo método que utilizou o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo. Marcelo Rebelo é professor também, e ele foi para a TV estatal. Ele foi para a TV estatal dar aulas, e contratou os melhores professores do país para dar aula na TV aberta para os alunos”, declarou Thronicke no debate, transcrito na emissora UOL.
A candidata à presidência, que defendeu a isenção de imposto sobre o rendimento para todos os professores, argumentou que o Brasil gasta “como primeiro mundo na educação”, mas obtém uma “educação de quinta categoria”. “Isso tem de acabar”, disse. Thronicke acusou ainda a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) de ter feito campanha pelo Presidente recandidato. “Isso é grave, isso é sério num Governo que prometeu privatizar”, lançou.
A advogada Thronicke foi escolhida pelo União Brasil como candidata à Presidência depois de Luciano Bivar, presidente do partido, ter desistido da candidatura, escreveu a CNN Brasil. Thronicke foi eleita para o seu primeiro cargo político há quatro anos e esta é a sua estreia em presidenciais.
Mais de dois milhões em casa
No início da pandemia, com os estabelecimentos de ensino encerrados, os alunos em Portugal viram a escola chegar até eles através do ecrã da televisão. Mais de dois milhões de crianças ficaram em casa, a maioria com aulas à distância através de plataformas online ou trocas de emails com os professores. No entanto, nem todos tinham Internet ou equipamentos para acompanhar as aulas por essas vias.
Assim, o Ministério da Educação criou o programa “Estudo Em Casa”, um conjunto suplementar de recursos educativos transmitido diariamente pela RTP Memória. Contou com mais de uma centena de docentes.
“Muito boa tarde, chamo-me Marcelo Rebelo de Sousa, sou professor de jovens mais velhos do que vocês, mas hoje vou matar saudades das milhares de aulas que dei ao longo da minha vida e venho homenagear esta equipa, ‘Estudo em Casa’, e agradecer como professor e como Presidente da República”, ouve-se no início da aula dada pelo chefe de Estado português, sob o tema ‘As lições da pandemia’.
A alternativa ao online
No Brasil também se procuraram alternativas ao ensino presencial, a nível estatal. Em abril de 2020, a Globo escreveu que pelo menos 10 estados adotaram plataformas exclusivamente online para a transmissão de aulas, enquanto outros três optaram por plataformas online e aulas através da televisão aberta.
A UNESCO alertou que cerca de 826 milhões de estudantes afastados das salas de aulas por causa da pandemia não tinham acesso a computador em casa, a nível mundial, e apontou a televisão e rádio como “boas alternativas” ao ensino online. Segundo dados apresentados em junho de 2020, o continente mais ativo em recorrer a programas de televisão ou rádio foi África, com 70% dos países a adotarem esse método. No entanto, há exemplos em várias zonas do mundo.
No México, o Governo lançou um plano para gravar aulas de diferentes graus de ensino, a serem emitidos em diferentes canais de televisão, escreveu a CNN no verão do primeiro ano afetado pela pandemia. Em 2021, a BBC passou a emitir programas televisivos com base nos programas educativos, para responder a preocupações de que as famílias carenciadas do Reino Unido podiam enfrentar dificuldades no acesso a pacotes de Internet.
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