Internacional

Angola: último dia de campanha das sombrias eleições gerais

O último ato de campanha da UNITA em Luanda pelo seu líder Adalberto Costa Júnior
O último ato de campanha da UNITA em Luanda pelo seu líder Adalberto Costa Júnior
Nelson Francisco Sul

UNITA toma o palco do encerramento da campanha em Luanda antes do período de reflexão, que ocupará todo o dia de terça-feira

Nelson Francisco Sul, em Luanda

Esta segunda-feira, 22 de Agosto, é o último dia de campanha eleitoral em Angola. O principal opositor ao regime do MPLA e do Presidente João Lourenço, Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA, corre sozinho no palco da maior praça política e eleitoral do país, a capital Luanda. Os restantes concorrentes decidiram encerrar os atos políticos de massas já no sábado e no domingo.

Adalberto Costa Júnior faz neste momento o último comício no largo da FILDA, no Cazenga, o mais populoso município de Luanda, arrastando milhares de militantes e apoiantes.

Ao tomar a palavra, o líder da oposição acusou o "partido-Estado" de violações sistemas do processo eleitoral. Segundo Adalberto Costa Júnior, "hoje mesmo, entrou um processo no Tupremo Supremo, contra a Comissão Nacional Eleitoral, que não auditou o FICRE (Ficheiro Informático Central do Registo Eleitoral), não publicou as listas e os cadernos eleitorais".

“Alcançámos a independência nacional, mas ainda não temos a liberdade. Ainda temos presos políticos. Portanto, não estamos aqui a discutir pouca coisa. Estamos aqui a discutir uma mudança de regime”, disse Filomeno Vieira Lopes, líder do partido Bloco Democrático, que apoia a candidatura da UNITA.

O líder do partido do Galo Negro voltou a prometer uma série de reformas profundas do Estado, desde a reforma constitucional, um estatuto especial para cabinda, aposta na educação (gratuita do ensino primário até a Universidade), transferência na gestão da coisa pública e uma efectiva separação dos poderes políticos.

Abel Chivukuvuku, que concorre como segundo cabeça da lista, diz que o governo da UNITA procura buscar uma mudança pacífica e ordeira. E deixa um recado: aqueles que gostam de fazer batota, desta vez não vai pegar”.

O "M" fechou mais cedo

O partido do Governo, o MPLA (também referido por "M"), antecipou o encerramento da sua campanha eleitoral no sábado, devido à trasladação do cadáver do ex-chefe de Estado e o seu mais antigo líder histórico, José Eduardo dos Santos.

João Lourenço reduziu o seu aparecimento público, limitando-se, agora, a encontros mais restritos, tendo, no dia ontem, mantido encontros com os membros do Conselho de Honra do MPLA, um órgão do partido em que integram figuras históricas, entre os quais Lopo do Nascimento, Roberto de Almeida, Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”, Francisco Paiva “Nvunda”, Ismael Gaspar Martins, António dos Santos França "Ndalu", Luzia Inglês Van-Dúnem "Inga", Paulo Cassoma, Albina Assis, Hermínio Escórcio, entre outros.

Em Luanda, já se encontram todos observadores eleitorais internacionais, entre os quais se conta o antigo Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, que preside à comissão de observadores da CPLP.

A partir de amanhã, de acordo com o artigo 78.º da Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais, não será “permitida qualquer atividade de propaganda eleitoral”.

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