A visita de charme da diplomacia russa por quatro países africanos destina-se a contar de viva voz a versão dos acontecimentos a partir de Moscovo. Em vez de “guerra” fala-se em “operação militar especial” e evocam-se as virtudes da União Soviética na “libertação” dos países africanos
O périplo de quatro dias do ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) russo por quatro países africanos leva a África a versão de Moscovo sobre os acordos e desacordos relativos à distribuição dos cereais oriundas da Ucrânia, que se encontram bloqueados nos portos ocupados pelas forças russas. Sergei Lavrov esteve no domingo no Egito e está esta segunda-feira na República do Congo, de onde seguirá para o Uganda e a Etiópia.
Lavrov deu início à manobra de charme no Congo no domingo à noite, no norte do país, mais precisamente em Oyo, cerca de 400 quilómetros a norte da capital, Brazaville, bastião de apoio ao atual Presidente Denis Sassou Nguesso. O encontro pessoal com o chefe de Estado decorreu esta segunda-feira, a tempo de seguir para o Uganda.
África é a nova frente de “desinformação diplomática” cultivada por Moscovo para angariar apoio internacional, culpando o Ocidente pela suspensão da distribuição de cereais produzidos na Ucrânia em direção a um dos seus maiores mercados mundiais: África. De caminho, ficam abertas as portas à Rússia para negócios futuros com a população mundial que mais vai crescer até 2100.
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