Amber Heard condenada a pagar 15 milhões de dólares a Johnny Depp por difamação

O veredito foi unânime: o júri deu como provado que Amber Heard agiu com “malícia real” contra Johnny Depp, que não compareceu em tribunal para ouvir a decisão
O veredito foi unânime: o júri deu como provado que Amber Heard agiu com “malícia real” contra Johnny Depp, que não compareceu em tribunal para ouvir a decisão
Jornalista
Chegou esta quarta-feira ao fim a novela, transmitida ao longo de seis semanas em direto para todo o mundo, que opôs Johnny Depp e Amber Heard numa batalha judicial. Após muita roupa suja ter sido lavada no tribunal de Fairfax, o veredito do júri foi unânime relativamente ao processo de difamação movido pelo ator contra a ex-mulher: Heard foi condenada a pagar 15 milhões de dólares (cerca de 14 milhões de euros) a Depp.
Para os sete jurados ficou provado que Amber Heard difamou com “malícia real” o antigo companheiro, quando o acusou de violência doméstica. Durante a leitura do veredito, o júri deu também como provado que a atriz fez declarações sabendo que eram falsas.
Amber Heard foi considerada culpada em todas as três acusações de difamação, pelo que fica obrigada pelo tribunal a pagar uma indemnização compensatória de 10 milhões de dólares e outros 5 milhões por danos punitivos a Johnny Depp. O valor fica, ainda assim, bastante abaixo dos 50 milhões que o ator exigia à ex-mulher.
A fatura para Amber Heard é pesada, mas os 5 milhões de dólares determinados pelo júri por danos punitivos não poderão ser totalmente exigidos à atriz, tudo por causa de uma lei que vigora no estado da Virgínia e que estabelece um teto máximo de 350 mil dólares para indeminizações punitivas. Contas feitas, o valor que Depp irá receber desce, na prática, para 10,35 milhões de dólares.
“O veredito de hoje confirma o que dissemos desde o início: que as alegações contra Johnny Depp são difamatórias e não são suportadas por qualquer evidência. Estamos gratos, muito gratos, ao júri pela cuidadosa deliberação”, enalteceu à saída do tribunal Camille Vasquez, advogada de defesa de Johnny Depp, que se notabilizou pela tenacidade com que interrogou e confrontou Amber Heard durante as audiências.
Relativamente ao contra-processo apresentado por Amber Heard, queixando-se de ter sido também difamada pelo advogado do ator Adam Waldman e no qual pedia uma compensação de 100 milhões de dólares, o júri determinou que apenas terá direito a receber 2 milhões de indemnização de danos compensatórios.
Johnny Depp não compareceu esta quarta-feira para ouvir a decisão, mas já reagiu, entretanto, com um comunicado partilhado nas redes sociais.
“Seis anos depois, o júri deu-me a minha vida de volta”, reagiu o ator de 58 anos. “O melhor ainda está por vir e um novo capítulo finalmente começou. A verdade nunca perece”, afirma Johnny Depp.
“Há seis anos, a minha vida, a vida dos meus filhos, a vida daqueles que me são próximos, e também a vida daqueles que ao longo de tantos e tantos anos me apoiaram e acreditaram em mim mudou para sempre. Tudo num piscar de olhos”, começa por referir o comunicado de Depp.
“Alegações falsas, muito sérias e criminosas foram feitas contra mim através da comunicação social, o que desencadeou uma enxurrada interminável de conteúdo de ódio, embora nenhuma acusação tenha sido feita contra mim”, acrescenta a estrela de Hollywood, sublinhando o “impacto sísmico” do caso na sua vida e na sua carreira.
“Espero que a minha busca para que a verdade seja dita tenha ajudado outros homens ou mulheres que já estiveram na minha situação”, refere o protagonista de "Piratas das Caraíbas", afastado da franquia após as alegações de violência doméstica.
Quase ao mesmo tempo em que foi divulgado o comunicado de Depp, também Amber Heard usou as redes sociais para reagir à sentença.
“A deceção que sinto hoje está além das palavras. Parte-me o coração que a montanha de evidências não tenha sido suficiente para resistir ao poder e influência desproporcionais do meu ex-marido”, lamentou a atriz de 36 anos.
“Estou ainda mais desapontada com o que este veredicto significa para outras mulheres. É um retrocesso. Atrasa o relógio para uma época em que uma mulher que se manifestava poderia ser envergonhada e humilhada publicamente. Afasta a ideia de que a violência contra as mulheres deve ser levada a sério", considera Amber Heard
“Estou triste por ter perdido este caso. Mas estou ainda mais triste porque pareço ter perdido um direito que eu achava que tinha como americana – o de falar livre e abertamente”, concluiu a atriz.
O gatilho para a batalha judicial foi um artigo de opinião assinado por Amber Heard e publicado em dezembro de 2018 no "Washington Post", onde a atriz se apresentava como uma vítima de violência doméstica, sem no entanto referir diretamente ao longo do texto o nome do ex-marido, de quem se divorciou em 2016.
"Há dois anos, tornei-me uma figura pública que representa a violência doméstica e senti toda a força da ira da nossa cultura pelas mulheres que se manifestam", escreveu Heard. Para bom entendedor, meia palavra basta e isso foi o suficiente para Johnny Depp avançar com o processo por difamação.
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