Jair Bolsonaro recebeu esta quarta-feira a Medalha de Mérito Índigena, atribuída pelo seu próprio governo, devido aos seus supostos “serviços altruístas” para proteger a vida dos indígenas no Brasil - isto apesar de o Presidente do Brasil ser constantemente acusado de atacar os direitos destes povos, ser crítico da concessão de terras aos índios, e defender a exploração comercial das áreas ocupadas por estes povos.
Vários aliados de Bolsonaro receberam o mesmo reconhecimento, incluindo os ministros da defesa, saúde e agricultura. O chefe de segurança presidencial, Augusto Heleno, também foi galardoado com a medalha, mesmo tendo recentemente acusado ativistas indígenas de cometer crimes contra o estado brasileiro apenas por criticarem a estratégia de política externa do governo.
“Querem destruir-nos a todo o custo e, como se isso não fosse suficiente, agora querem prestar um tributo a eles próprios em nosso nome”, queixou-se a associação Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, sublinhando que Bolsonaro merecia apenas “a medalha de genocídio indígena”.
Outras organizações têm-se juntado à polémica: Alessandra Korap, uma representante do povo amazónico Munduruku, afirmou que Bolsonaro deveria ser preso “por toda a destruição que infligiu aos povos indígenas e na floresta”. “Agora ele quer usar a guerra na Ucrânia [como justificação] para permitir a exploração mineira, hidroelétrica, de gás, e plantações de soja nas terras indígenas", lembrou, referindo-se a recentes propostas legislativas do governo brasileiro nesse sentido.
Alessandro Molon, líder da oposição na Câmara dos Deputados, pediu ao Congresso brasileiro para tirar a medalha a Bolsonaro. “O facto de o governo, que está a tentar legalizar a exploração mineira em terras indígenas, ter o descaramento de atribuir medalhas a si próprio por todo o sofrimento que tem causado nos últimos três anos é uma piada”, disse o responsável político à revista Veja.
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