A embaixadora da África do Sul em Portugal conheceu Desmond Tutu em 1995, quando o arcebispo, que morreu este domingo de cancro, foi nomeado pelo Governo de Nelson Mandela para chefiar a Comissão pela Reconciliação e pela Verdade que teve como objetivo clarificar os crimes cometidos durante o apartheid, o regime segregacionista que oprimiu a maioria negra do país entre 1948 e 1994.
"O arcebispo fez tudo pela justiça e foi sempre um homem pela paz. O que não o impediu de lutar pelo que acreditava e contra a opressão da maioria negra", diz Mmamokwena Gaoretelelwe, para quem "hoje é um dia triste" porque "morreu a consciência moral do país e do mundo".
Desmond Tutu era um religioso anglicano - o primeiro negro arcebispo do país - e ganhou o Nobel da paz em 1984, dez anos antes da libertação do país. "Era um homem eloquente, que sabia transmitir muito bem a mensagem que queria e tinha também um grande sentido de humor e uma enorme inteligência", elogia a embaixadora . "Ele chamou a atenção do mundo para o que se passava na África do Sul e depois da libertação defendeu sempre a reconciliação entre todos."
Hoje, no dia da sua morte, a África do Sul vive em democracia vinte e oito anos depois da eleição de Mandela. Mas terá sido cumprido o desejo da "nação arco Íris" idealizada por Tutu? "Vivemos em democracia e a maioria foi libertada da opressão. Era esse o seu maior objetivo e isso foi atingido".
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