“Gelados, encharcados e chapinhando lama”, dezenas de soldados portugueses desembarcaram em Xangai a 10 de março de 1927, “indo guarnecer trincheiras e redutos sem o menor abrigo”. O relato é do comodoro Guilherme Ivens Ferraz, comandante do cruzador “República”, um dos 63 navios de oito países destacados para a defesa das concessões estrangeiras, cuja população incluía centenas de famílias portuguesas.
Naquele mesmo dia, em Portugal, a “influência soviética” na China dominava o noticiário internacional do “Diário de Lisboa”: “Moscovo ameaça o mundo com o perigo chinês”, dizia o jornal. Mas sobre a missão do cruzador “República” ou a comunidade portuguesa de Xangai — nem uma palavra. Um dia depois, a cobertura do “Diário de Noticiais”, periódico que reivindicava “a maior tiragem de todos os jornais portugueses”, era idêntica: destaque para “a penetração soviética no Celeste Império”, nada acerca do envolvimento militar português ou dos numerosos compatriotas que viviam em Xangai.
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