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Resistente afegão ao Expresso: “Os livros ensinam-nos a ser livres”

Matiullah (à es.) e Attaullah Wesa, os irmãos fundadores da organização sem fins lucrativos Pen Path.
Matiullah (à es.) e Attaullah Wesa, os irmãos fundadores da organização sem fins lucrativos Pen Path.
© Emroo Photo | Cortesia de Pen Path

Resistente e filho de resistentes, Matiullah Wesa não foge dos talibãs, que o ameaçam. Lançou uma organização que promove a educação dos menores porta a porta

Margarida Santos Lopes

Nunca ninguém questionou a devoção de Haji Muhammad Khan. O seu primeiro nome atesta que cumpriu um dos cinco preceitos do Islão, a peregrinação (Haj) a Meca. No entanto, quando este chefe tribal pastune de cinco dos 18 distritos da província de Kandahar, no Sul do Afeganistão, decidiu abrir uma escola para rapazes e raparigas, a ideia foi acolhida com hostilidade.

Muhammad Khan não cruzou os braços. Andou de porta em porta, procurando convencer as pessoas “a defenderem a educação como se defendessem as suas casas”, porque “a educação é um direito básico, um direito humano, um direito islâmico”. Vencida a relutância inicial de uma população ultraconservadora, sugeriu-se um compromisso: uma escola segregada. Foi assim que, em 2003, as meninas começaram a ter aulas numa mesquita e os meninos em tendas ao ar livre nos campos verdejantes do distrito de Maruf.

Entre os 900 alunos de sete aldeias estava Matiullah Wesa, filho de Muhammad Khan. É ele, de 29 anos, quem conta a história ao Expresso, em conversas por WhatsApp. “Fui um adolescente feliz. O meu pai arranjou livros e todo o material escolar de que precisávamos.”

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