O principal acusado dos atentados de 13 de novembro de 2005 em Paris citou hoje, na sua primeira declaração no tribunal, a profissão de fé muçulmana, "não há outro Deus senão Alá", adiantando ter-se tornado "combatente do Estado Islâmico".
Solicitado a identificar-se na abertura da audiência, Salah Abdeslam, o único membro sobrevivente dos comandos que mataram 130 pessoas, declarou: "em primeiro lugar gostaria de testemunhar que não há outro Deus senão Alá e que Maomé é o seu mensageiro".
Interrogado depois sobre a sua profissão, respondeu: "desisti de qualquer profissão para me tornar um combatente do Estado Islâmico", o grupo extremista que reivindicou aqueles atentados.
O julgamento dos piores ataques jiadistas realizados em solo francês iniciou-se hoje pouco depois das 13h locais (12h em Lisboa) no histórico Palácio de Justiça de Paris, sob segurança máxima, num contexto de ameaça terrorista ainda elevada.
Vinte acusados vão ser julgados durante cerca de nove meses, incluindo aquele franco-marroquino que fez parte dos executores dos atentados - bombistas suicidas no Stade de France, esplanadas de cafés e a sala de espetáculos Bataclan no centro de Paris varridas a metralhadora -, que além dos mortos deixaram mais de 350 feridos.
"Devemos construir (uma) memória coletiva, reafirmando os valores da humanidade e da dignidade", disse o antigo procurador de Paris François Molins à rádio RTL. E permitir "às famílias das vítimas compreender o que aconteceu", adiantou.
Dez outros homens, presos durante o período do julgamento, ocuparam hoje o seu lugar ao lado de Abdeslam no banco dos réus, julgados pela sua participação nos atentados.
Três réus comparecem em liberdade sob controlo judicial e outros seis são julgados à revelia.
No total, 12 dos 20 acusados enfrentam a prisão perpétua.
Os primeiros dias da audiência vão servir só para enumerar as vítimas, perto de 1800. Os primeiros testemunhos vão ser ouvidos a partir de dia 13 de setembro e as vítimas começam a ser ouvidas a 28 de setembro. Durante cinco semanas, as pessoas tocadas diretamente pelos atentados vão contar o terror vivido no Stade de France, no Bataclan e nos cafés do 11.º bairro.
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