A operação de retirada de pessoas levada a cabo pelo Reino Unido no Afeganistão vai terminar "dentro de algumas horas", anunciou esta sexta-feira o ministro da Defesa, Ben Wallace, na Sky News, na sequência do atentado no aeroporto de Cabul.
"Agora trataremos das pessoas que trouxemos connosco, as cerca de mil pessoas dentro do aeroporto e tentaremos continuar a encontrar algumas pessoas na multidão onde pudermos, mas no geral a operação principal acabou e faltam apenas algumas horas", acrescentou o ministro.
Os voos de retirada de pessoas do Afeganistão foram retomados esta sexta-feiracom nova urgência, um dia após os atentados suicidas direcionados a milhares de pessoas que tentam desesperadamente fugir da tomada do poder pelos talibãs.
Os Estados Unidos anunciaram que são esperadas novas tentativas de ataques antes de terça-feira, a data limite para a saída das tropas estrangeiras, encerrando a guerra mais longa da América.
Residentes em Cabul afirmaram que saíram vários voos esta manhã.
Austrália deixou Cabul antes do atentado
O Governo australiano anunciou também o fim da retirada do Afeganistão, tendo as tropas deixado o país antes do atentado terrorista de quinta-feira.
"Posso confirmar que, não muito antes do ataque, as tropas australianas e o resto do nosso pessoal estavam em movimento e fora de Cabul", disse o ministro da Defesa australiano, Peter Dutton.
A Austrália retirou mais de quatro mil pessoas, incluindo 3.200 australianos, afegãos e outras nacionalidades em 29 voos das Forças de Defesa australianas e neozelandesas, nos últimos oito dias, declarou o primeiro-ministro australiano.
Scott Morrison afirmou que o número de pessoas retiradas era três vezes superior ao previsto por Camberra.
O duplo atentado suicida que abalou o aeroporto de Cabul, causou pelo menos 60 mortos e 140 feridos, na maioria afegãos que tentavam embarcar em voos dos países aliados, que também sofreram baixas.
Antes, o Governo australiano tinha avisado os seus cidadãos no Afeganistão para se afastarem do aeroporto de Cabul por causa da "alta ameaça" de um ataque terrorista.
Morrison condenou os atentados perpetrados em Cabul "contra pessoas inocentes e corajosas".
De acordo com os últimos números da Casa Branca, as forças dos Estados Unidos e da coligação retiraram ou ajudaram a sair mais de 100 mil pessoas - cerca de 7.500 só nesta quinta-feira - do aeroporto de Cabul.
Suécia, Austrália e Nova Zelândia já realizaram os últimos voos de Cabul, juntando-se a Itália, e a Noruega - que vai terminar esta sexta-feira.
Mas a França, que tinha anunciado que iria terminar a operação esta noite, admitiu agora continuar.
"Pode ir além desta noite, mas devemos permanecer cautelosos sobre este assunto", disse o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Clément Beaune.
O Japão também anunciou que está a envidar esforços para continuar a retirar os seus cidadãos e afegãos ao serviço da embaixada ou de agências de desenvolvimento japonesas, apesar dos atentados de quinta-feira.
Espanha foi outro país a anunciar o fim das operações para retirar cidadãos de Cabul, após a chegada dos "dois últimos voos espanhóis" ao Dubai, pouco mais de uma semana após iniciar a ponte aérea depois da tomada do poder pelos talibã.
"Um avião militar A400 chegou ao Dubai, proveniente de Cabul, às 7h20. Um segundo voo deve aterrar às 8h20. Com estes dois voos, a retirada espanhola de colaboradores afegãos e dos seus familiares está terminada", anunciou a presidência do governo, em comunicado.