Afeganistão. Vinte mortos no aeroporto de Cabul
Desde que os talibãs entraram em Cabul no último domingo morreram pelo menos 20 pessoas no exterior do aeroporto de Cabul
Desde que os talibãs entraram em Cabul no último domingo morreram pelo menos 20 pessoas no exterior do aeroporto de Cabul
Um oficial da NATO, citado pela agência Reuters, disse este domingo que morreram pelo menos 20 pessoas na última semana nas imediações do aeroporto de Cabul. "O nosso objetivo é o de retirar todos os estrangeiros o mais rápido que for possível", disse este elemento da NATO, que não quis ser identificado.
A CNN avança que há 20 mil pessoas perto da infraestrutura na esperança de conseguirem lugar num voo que lhes permita sair do Afeganistão. Para manter a ordem nas filas que se formaram nos acessos ao aeroporto, testemunhas afirmaram à Reuters que vigilantes talibãs dispararam tiros para o ar e usaram bastões para agredir as pessoas que tentavam aceder aos voos.
O avanço das forças talibãs e a rapidez com que entraram em Cabul no passado domingo, dia 15, criou uma onda de medo de vinganças e regresso da forma brutal como exerceram o poder há duas décadas.
França quer que os Estados Unidos permitam e facilitem a retirada dos cidadãos dos países aliados e de todos os afegãos cujas vidas corram perigo em Cabul, prolongando a operação no aeroporto com maior coordenação.
Numa entrevista publicada este domingo pelo Le Journal de Dimanche, o ministro da Europa e dos Assuntos Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, relatou as exigências feitas na sexta-feira aos EUA na reunião da NATO sobre a crise afegã, insistindo que não deve haver precipitação.
O governante afirmou que as forças e diplomatas franceses permanecerão no aeroporto de Cabul enquanto este estiver aberto e que podem ficar seguros, porque além da "prioridade" de retirar "alguns franceses" que permanecem no país, a sua "responsabilidade moral" é retirar os "afegãos ameaçados por causa de seus compromissos anteriores".
"Precisamos", acrescentou, "de tempo para cumprir essa obrigação, que é contada em dias ou semanas, não em meses". O chefe da diplomacia francesa reclamou também na sexta-feira a Washington "uma coordenação mais eficaz e mais forte" com os seus aliados.
Le Drian insiste que o seu país agirá nos casos de todos os afegãos que se manifestaram por serem ameaçados, uma lista cujo número aumenta a cada dia e que tem "centenas de nomes".
No sábado à noite chegou a Paris o quinto voo com evacuados de Cabul, neste caso com uma centena de pessoas, na sua maioria afegãos. Desde o início, na segunda-feira, na circulação entre a capital afegã, a base de Abu Dhabi que serve de escala, e o aeroporto parisiense Charles de Gaulle já foram evacuadas mais de 600 pessoas.
Le Drian assinalou que o único problema para a retirada das pessoas ameaçadas do Afeganistão é como chegar ao aeroporto de Cabul, uma vez que existe controlo talibã, o que gera uma situação de caos à entrada do aeroporto, onde estão concentradas mais de 10 mil pessoas. O ministro repete que a França não reconhecerá os talibãs "que tomaram o poder pela força" e que para mudar de posição exige cinco condições.
Permitir a saída dos afegãos que queiram abandonar o país, renunciar efetivamente ao terrorismo, assumindo uma "rutura total" com a Al-Qaeda, conceder livre acesso à ajuda humanitária, respeitar os direitos fundamentais, e de forma prioritária, das mulheres e formar um governo de transição resumem as exigências colocadas pelo governo francês.
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