Internacional

Projeto Pegasus. Número telefónico de Emmanuel Macron identificado nos leaks

Presidente de França poderá ter sido alvo de vigilância por parte de Marrocos em 2019, aponta o jornal "The Guardian". Empresa israelita que criou o programa de vigilãncia nega essa hipótese (mas confirma o aparecimento do número de Macron) e diz que os seus clientes governamentais só podem usá-lo para investigação criminal. Nome de Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, também foi referenciado

O número telefónico do presidente francês Emmanuel Macron foi apanhado nos leaks do Projeto Pegasus, uma investigação que expôs uma operação de espionagem a nível internacional por parte de países fazendo uso de um software israelita (Pegasus, da empresa NSO Group) que permite aceder a mensagens, fotos, contactos e a gravações das chamadas do proprietário do telemóvel. A notícia foi revelada esta terça-feira pelo jornal britânico The Guardian, que faz parte do consórcio de meios de comunicação social que denunciou pela primeira vez a existência deste esquema.

A NSO Group já veio entretanto garantir que Macron não foi um “alvo” de qualquer dos seus clientes: ou seja, a empresa nega que o Presidente francês tenha sido selecionado para ser espiado através do software Pegasus só porque o seu contacto telefónico aparece na lista.

No entanto, segundo o “Guardian”, essa lista parece ser constituída por pessoas de interesse para clientes governamentais da NSO - até porque inclui pessoas que foram mais tarde postas sob vigilância por alguns desses governos. No caso de Macron, terá sido Marrocos a selecioná-lo como uma pessoa de interesse em 2019. Ora, a NSO defende-se: diz que obriga os governos que são seus clientes a usar o software apenas para fins legítimos, como investigações a casos de crime e terrorismo. “Se isto se provar, é claramente muito sério”, responde fonte oficial do governo francês, prometendo investigar a fundo a suspeita.

No total foram detetados dados de 13 outros chefes de Estado e de governo mundiais: dois deles são Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, e Imran Khan, primeiro-ministro do Paquistão. Na base de dados estão presentes diplomatas, chefes militares e políticos de 34 países. Além de Macron, aparecem na lista os nomes de Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da Organização Mundial da Saúde - que também terá sido identificado por Marrocos; Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, que também terá interessado a Marrocos em 2019, quando era ex-primeiro ministro belga; e o Rei Mohammed VI de Marrocos, selecionado pelas forças de segurança do seu país também em 2019.

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