“Inundações de dimensões catastróficas” no centro da Europa provocam 118 mortos e mais de 1300 desaparecidos
SASCHA STEINBACH
A Alemanha é o país mais atingido pelas cheias, com o número de mortos no país a aumentar para pelo menos 103. O cenário "catastrófico" é de ruas e casas debaixo de água, carros virados e árvores arrancadas. Bélgica, Luxemburgo, Suíça e Países Baixos também estão a ser afetados pelas chuvas torrenciais e pelas inundações
Pelo menos 118 pessoas morreram em resultado de inundações causadas por chuvas torrenciais na Europa — a maioria na Alemanha — e mais de 1300 pessoas estão desaparecidas, segundo o último balanço das autoridades divulgado esta sexta-feira.
A Alemanha é de longe o país mais atingido pelas cheias: o número de mortos aumentou para pelo menos 103, mais 44 do que no balanço anterior. "O número de corpos encontrados aumenta quase hora a hora", indicou na quinta-feira à noite um responsável do Ministério do Interior de Renânia do Norte-Vestefália, onde o número de vítimas mortais tem vindo a aumentar.
O balanço de vítimas pode ser ainda maior, depois de um número indeterminado de pessoas ter morrido ou desaparecido na Alemanha após um grande deslizamento de terras, que derrubou vários edifícios numa localidade próxima de Colónia, indicaram fontes locais.
A chanceler alemã, Angela Merkel, avisou que “a extensão total da catástrofe” só será apurada nos próximos dias. O mau tempo sentido na Alemanha é já considerado uma das piores catástrofes naturais desde o pós-guerra.
Em Rhineland-Palatinate, uma das regiões alemãs mais afetadas, o número de mortos aumentou de 28 para 50 em menos de 24 horas, mas é provável que o balanço cresça devido ao número de desaparecidos na Renânia do Norte-Vestefália e na Renânia-Palatinado. Só nesta última região, as autoridades disseram que ainda não tinham notícias de 1300 pessoas que vivem no cantão mais atingido, Bad Neuenahr-Ahrweiler.
O mau tempo também está a atingir outros países da Europa: a Bélgica contabiliza pelo menos 15 mortos e cinco pessoas desaparecidas, o que levou o primeiro-ministro a apelar à ajuda internacional. O Luxemburgo, a Suíça e os Países Baixos, onde vários distritos tiveram de ser evacuados, também estão a ser afetados pelas chuvas torrenciais e pelas cheias.
Na Suíça, em particular, as autoridades locais continuam em alerta máximo nas zonas que circundam os lagos de Biena, Thun e Quatro Cantões, que transbordaram várias vezes nos últimos dias, receando novas inundações face às persistentes chuvas registadas no último mês e meio.
“Inundações de dimensões catastróficas”
Estas inundações devastadoras são piores do que as sofridas pelo leste do país em 2002, a afetar os Estados federais da Renânia do Norte-Vestefália, os mais populosos do país, assim como a vizinha Renânia-Palatinado.
"Vivemos inundações de dimensões catastróficas. Somos uma região habituada a inundações, mas o que vivemos é uma catástrofe", afirmou a líder regional da Renânia-Palatinado, a social-democrata Malu Dreyer. Merkel explicou aos jornalistas que já tinha contactado Dreyer, com o objetivo de garantir o "máximo apoio" aos afetados a todos os níveis: federal, regional ou local.
Várias localidades e cidades da Alemanha foram inundadas devido às cheias provocadas pela subida das águas dos rios, na sequência de chuvas. Espera-se que continue a chover em partes da Alemanha ocidental. O nível do rio Reno e de vários dos seus afluentes está a subir perigosamente.
Entretanto, mil soldados foram mobilizados para ajudar nas operações de resgate e limpeza das cidades e aldeias, marcadas pelo mesmo cenário desolador: ruas e casas debaixo de água, carros virados e árvores arrancadas. Foram também destacados mergulhadores para recuperar corpos de casas inundadas.
Em Ahrweiler, várias casas desmoronaram-se. Debaixo dos escombros, a cidade parece ter sido atingida por um tsunami, descreve um jornalista da AFP. Euskirchen, um pouco mais a norte, é provavelmente uma das cidades mais afetadas, com pelo menos 20 mortes registadas. O centro da cidade parece um campo de ruínas, com as fachadas das casas arrancadas pelas cheias.
Merkel garante “todo o apoio” a afetados pelas inundações
"Falamos sobre ajudas na reconstrução a longo prazo, embora logicamente o objetivo prioritário agora é prestar ajuda imediata à população das regiões afetadas", indicou. A chanceler já tinha expressado consternação com a devastação causada pelas tempestades, através da conta no Twitter do porta-voz, Steffen Seibert.
Aos meios de comunicação, qualificou como uma "catástrofe" e "impossível de descrever com palavras" a situação vivida nas regiões afetadas, onde dezenas de pessoas tiveram de colocar-se em segurança, indo para os telhados das casas, e algumas delas acabaram por morrer presas no sótão.
Notícia atualizada às 12h55 com o último balanço de vítimas mortais