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Israel. Yair Lapid e Naftali Benet chegam a acordo - Netanyahu, há 12 anos no poder, reage: “fraude do século”

Yair Lapid, à esquerda; Naftali Bennett, à direita
Yair Lapid, à esquerda; Naftali Bennett, à direita
OREN BEN HAKOON / Getty

Embora “este não seja o Governo sonhado”, “o objetivo é que funcione”, afirmou o ultranacionalista Naftali Benet, que chegou a acordo com o centrista na oposição Yair Lapid

Expresso com Lusa

A três dias de expirar o prazo para formar Governo em Israel, o centrista na oposição Yair Lapid e o ultranacionalista Naftali Bennett chegaram a um acordo, avançam os jornais locais, que prevê a rotação do cargo de primeiro-ministro entre ambos.

Segundo os órgãos de comunicação locais, este Governo com rotação de primeiro-ministro vai acabar com mais de 12 anos consecutivos do conservador Benjamin Netanyahu no poder. "É a minha intenção fazer o máximo possível para formar um governo de unidade nacional em conjunto com o meu amigo Yair Lapid, para que juntos possamos salvar o país de uma queda livre", declarou Naftali Benet em conferência de imprensa.

O líder ultranacionalista considerou que se assinala um "momento crucial" e que cabe aos dois líderes "assumirem a responsabilidade", garantindo empenho e determinação para responder aos desafios económicos e de segurança do país. "Israel estava a perder a sua capacidade de funcionar e a liderança atual só mostra ódio e divisão para esconder os seus fracassos", acusou.

Benjamin Netanyahu já reagiu ao anúncio, acusando o líder ultranacionalista de estar a cometer a "fraude do século", que levará o país a ser governado por um "Executivo de esquerda perigoso". O primeiro-ministro israelita disse ainda que fez "ofertas incríveis" ao partido de Naftali Benet, mas que este recusou por só estar interessado nos benefícios pessoais.

Após semanas de idas e vindas, a decisão de Benet de apoiar o denominado "Governo de mudança" teria inclinado a balança a favor do bloco da oposição, de acordo com a comunicação social.

A confirmar-se esta informação, e se Naftali Benet tiver o apoio dos sete deputados do Yamina, o bloco anti-Netanyahu teria o apoio de 58 dos 120 membros do Knesset (Parlamento), e precisaria de mais três para atingir a maioria mínima de 61 e formar um executivo. Algo que poderia conseguir com o apoio externo do partido islamita Raam, a chave para finalizar a situação com os seus quatro deputados.

Durante os primeiros dois anos, Naftali Benet ocuparia o cargo de primeiro-ministro e, no novo Governo, alternaria com Yair Lapid nos dois anos seguintes.Este domingo, durante uma reunião, Benet recebeu o apoio de seis dos sete parlamentares de Yamina para "formar um Governo e evitar umas quintas eleições", relata a comunicação social.

Segundo o diário israelita "Haaretz", durante o encontro Naftali Benet disse aos seus companheiros de fação que, embora "este não seja o Governo sonhado", "o objetivo é que funcione".

O novo executivo também seria composto por outros partidos, como o de extrema-direita Israel Nosso Lugar, o de direita Nova Esperança, os centristas Azul e Branco e Yesh Atid (liderado por Yair Lapid) e os de formação centro-esquerda: Partido Trabalhista e Meretz.

Esta mistura de ideologias foi até agora o principal obstáculo para formar um "Governo de mudança", nomeadamente devido aos ataques a Benet e a Guideon Saar, líder da Nova Esperança, por uma possível aliança com partidos à esquerda do espetro político.

A três dias de terminar o mandato de Lapid há ainda tempo para mudanças de última hora, algo habitual na imprevisível política israelita e, mais ainda, quando se trata do possível fim de mandato de Netanyahu.

Este domingo de manhã, o atual primeiro-ministro fez uma proposta a Benet e Saar para estabelecer um Governo de direita com uma tripla rotação entre eles, no cargo de chefe de Governo, que Saar rejeitou de forma quase imediata.

Se se confirmar a solução que está a ser desenhada, Israel sairia de um bloqueio político com mais de dois anos e que levou, em março deste ano, às quartas eleições desde 2019.

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