Adam Keller é pacifista desde que, com 15 anos, se encontrou com um soldado israelita, clandestinamente, e este lhe contou as atrocidades que o exército cometera durante a Guerra dos Seis Dias. Hoje é um de muitos israelitas, incluindo outros ex-membros das Forças Armadas, que se foram tornando objetores de consciência à ocupação dos territórios palestinianos.
Em 1988, durante a primeira intifada, Keller esteve em combate (não há muitas opções para lhe escapar). Viu-se acusado de “insubordinação” e “difusão de propaganda prejudicial à disciplina militar” porque uma noite saiu da camarata e escreveu, em mais de 100 tanques e outros veículos militares, a frase “soldados das IDF, recusem-se a ser opressores, recusem-se a servir nos territórios ocupados”.
Em 1993, fundou com Uri Avnery, célebre escritor, deputado e ativista que morreu em 2018, a Gush Shalom, uma das mais conhecidas organizações israelitas envolvidas na luta pela criação de um Estado palestiniano. Keller já se encontrara com o Expresso em Telavive, nas legislativas de abril de 2019. Ao longo da presente vaga de violência foi-nos relatando, com textos, mensagens avulsas, conversas ao telefone e pequenos áudios, a primeira semana de conflito.
Ontem [terça-feira, 11 de maio] acordámos com a notícia de mais 20 mortes em Gaza, nove menores; e duas mulheres israelitas mortas na cidade de Ashkelon [sul, perto de Gaza]. Uma delas era uma trabalhadora migrante, oriunda da Índia. Desde essa manhã até perto da hora do lanche, as mortes duplicaram dos dois lados.
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