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Detidas mil pessoas nos protestos de apoio a Navalny - e Putin ameaça o Ocidente (“vão arrepender-se como há muito tempo não acontece”)

Detidas mil pessoas nos protestos de apoio a Navalny - e Putin ameaça o Ocidente (“vão arrepender-se como há muito tempo não acontece”)
Mikhail Tereshchenko/Getty Images

Manifestações de apoio ao opositor russo Alexei Navalny, que se encontra detido e em greve de fome há três semanas, decorreram esta quarta-feira em várias regiões do país

Foram detidas cerca de mil pessoas nas manifestações de apoio ao opositor russo Alexei Navalny que decorrem esta quarta-feira em dezenas de regiões do país. Os números foram adiantados pela agência de notícias AFP, que cita uma organização que está a monitorizar os protestos.

Só em São Petersburgo, onde o início das manifestações estava marcado para as 19h locais (17h em Portugal Continental), foram detidas mais de 350 pessoas, segundo a organização OVD-Info. Foram ainda detidas 20 pessoas na capital, Moscovo, 50 na cidade de Sochi e 40 em Cazã.

Já ao início desta tarde a OVD-Info tinha dado conta de centenas de detenções em pelo menos 40 cidades, em particular na Sibéria e no Extremo-Oriente. Vários ativistas terão sido detidos antes das manifestações e outros enquanto decorriam os protestos. Foram ainda relatadas buscas em locais ligados à organização do opositor, que está detido e em greve de fome há três semanas.

O seu estado de saúde está a gerar grande preocupação, tendo as autoridades russas acedido ao pedido de o transferir para um hospital prisional, depois de o médico que o está a acompanhar ter dito que poderia estar à beira da morte. Navalny encontra-se neste momento em Vladimir, cidade localizada a 180 quilómetros de Moscovo.

Putin ameaça Ocidente: resposta será “rápida e dura”

Os governos de alguns países pronunciaram-se sobre a situação em que se encontra o opositor russo — Joe Biden, Presidente norte-americano, considerou a situação “injusta” e Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, ameaçou a Rússia dizendo que haverá consequências caso a situação Navalny tenha um desfecho trágico.

O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, afirmou-se "extremamente preocupado" com o estado de saúde de Navalny, responsabilizando o Presidente russo por isso, e também o Governo alemão se pronunciou sobre o assunto. Devido à detenção do opositor de Putin, mas também devido à situação na fronteira com a Ucrânia, as relações entre a União Europeia e Moscovo estão cada vez mais tensas, admitiu na segunda-feira o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

Em resposta a tudo isso, Putin avisou esta quarta-feira os países ocidentais para “não pisarem linhas vermelhas” com a Rússia, já que a resposta será “rápida e dura”. “Não queremos queimar pontes, mas se alguém interpretar as nossas boas intenções como uma fraqueza, a nossa resposta será rápida e dura. Vão arrepender-se como há muito tempo não acontece. Decidiremos por nós próprios onde começa cada linha vermelha”, afirmou o Presidente russo no seu discurso anual sobre o Estado da Nação.

O anterior movimento de contestação, após a detenção de Navalny em janeiro, originou mais de 11.000 detenções e pelo menos sete pesadas penas de prisão por acusações de “violência” contra a polícia. A maioria dos confrontos e das detenções ocorreu em Moscovo e São Petersburgo.

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