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Moçambique. O Expresso em Palma, junto à árvore da morte

A árvore dos enterrados
A árvore dos enterrados

O Expresso e a SIC tiveram a rara oportunidade de visitar Palma, localidade da província de Cabo Delgado que foi alvo de um ataque jiadista no final de março, e onde as forças armadas moçambicanas têm dificuldade em detetar os terroristas. Reportagem numa terra que acumula mortos, deslocados e destruição, e onde falta a esperança

Não há um pau, uma pedra, um nome. Não há flores, apenas folhas secas e areia remexida, areia mole e de cor clara, na qual os pés se afundam de tal modo que, a meio palmo de profundidade, surge um monte de pequenas larvas frenéticas. Não há mais nada à sombra da enorme mangueira que fica junto à entrada do hotel Amarula, na cidade de Palma, em Cabo Delegado. Nem sequer a certeza de onde foi enterrado cada um dos 12 corpos.

Pedro da Silva, comandante da polícia de Quitunda, foi o coveiro de serviço. Esta terça-feira, 13 dias depois do ataque dos insurgentes à cidade que fica mais perto do megaprojeto de exploração de gás no norte de Moçambique, coube-lhe enterrar os cadáveres de 12 homens. “Estávamos muito cansados, porque os corpos já estavam em decomposição”, conta, enquanto indica com a mão as sepulturas. “Usámos paus para mexer na areia e proceder ao enterro, mas estávamos cansados. Eram 12 homens. Brancos, estrangeiros, mas não sei de que nacionalidade. Tinham as mãos atadas atrás das costas e foram degolados pelos terroristas neste local. Ficaram aqui, junto a esta mangueira. Três ali, um aqui mesmo, mais dois além...”

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: RMarques@expresso.impresa.pt

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