Derek Chauvin fez uso de “força mortífera" durante a detenção de George Floyd, afirmou o sargento Jody Stiger, da polícia de Los Angeles, ouvido esta quarta-feira no oitavo dia do julgamento pela morte do cidadão norte-americano, assassinado às mãos da polícia de Minneapolis em maio de 2020.
Na qualidade de especialista externo em treino policial e uso de força, Jody Stiger apontou que Chauvin deveria ter usado “nenhuma força” quando da detenção de Floyd: a pressão que o agente fez sobre o corpo da vítima pode ter causado “asfixia posicional, o que pode levar à morte.” Na sua última presença em tribunal, na semana passada, Stiger já tinha sido perentório: “A minha opinião é que a força [usada] foi excessiva.”
Por outro lado, os advogados de defesa de Chauvin apontaram que o facto de a detenção estar a ser filmada pode ter distraído os polícias de monitorizar a condição de saúde de Floyd. Mas o sargento Jody Stiger discordou desta ideia: “[As pessoas] estavam apenas a filmar, e na sua maioria estavam preocupados com Mr. Floyd.”
De seguida, a defesa do ex-agente levantou dúvidas sobre o que constitui de facto um “uso razoável de força”, e Jody Stiger lembrou que a maioria das polícias norte-americanas seguem esta directiva: quando é necessário usar força, os agentes devem sempre considerar se o suspeito representa uma ameaça à segurança dos agentes e restantes cidadãos, bem como a gravidade do crime alegadamente cometido. Ora, Floyd era suspeito de ter usado uma nota de 20 dólares falsa para efetuar um pagamento.
Além disto, o advogado de Chauvin sublinhou repetidamente que o joelho do ex-agente estava em cima do joelho de Floyd, e não do seu pescoço. Porém, a autópsia declarou “compressão do pescoço” como a causa da morte. Assim, a defesa passou para um dos seus principais argumentos: o de que as drogas encontradas no sistema de Floyd lhe causaram a morte, mostrando para o efeito um vídeo da detenção, alegando que o homem aparentemente diz isto: “Comi demasiadas drogas.” James Reyerson, o agente responsável pela investigação da morte de Floyd, inicialmente disse que a citação lhe parecia correcta, mas questionado novamente pouco tempo depois apontou que, na sua opinião, Floyd talvez tenha dito isto: “Eu não consumi drogas nenhumas.” O áudio do vídeo não é claro.
A defesa de Chauvin focou-se depois no passado de Floyd, lembrando uma outra interação do cidadão com as forças de segurança, em maio de 2019, em que Floyd foi preso no seu carro e, enquanto em custódia policial, admitiu ter ingerido vários comprimidos de Percocet antes de começar a interagir com os agentes, tendo de seguida sido levado para o hospital. Inicialmente cético da relevância deste e de outros momentos passados para o caso, o juiz autorizou a defesa a mostrar um vídeo dessa detenção (gravado por uma body cam utilizada por um dos agentes), mas reiterou que os advogados de Chauvin não podiam argumentar que Floyd tinha um padrão de ingerir comprimidos quando confrontado com a polícia, numa tentativa de ser levado para o hospital e não para a prisão.