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Brasil. “Se a eleição fosse nesta conjuntura, Bolsonaro teria grandes dificuldades para ser reeleito”

Brasil. “Se a eleição fosse nesta conjuntura, Bolsonaro teria grandes dificuldades para ser reeleito”
Bloomberg/ Getty images

Antonio Lavareda é o presidente do conselho científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômica (Ipespe). Em conversa com o Expresso, a partir de Recife, este cientista político e sociólogo explica o trunfo e o problema no regresso de Lula da Silva para Jair Bolsonaro, descasca os jogos da rejeição e deixa uma ideia sobre sondagens a 20 meses das eleições presidenciais: "Falam muito pouco". Ainda assim, deixou "dois trilhos", duas pistas, para monitorizar a política brasileira e as vontades do povo

O que revelaram as eleições municipais de novembro?
Analisando os resultados agregados, sobretudo pensando em número de prefeitos eleitos e mais ainda em número de votos que os vários partidos receberam, vemos que os partidos de esquerda perderam em relação às eleições municipais [de 2016] seis pontos percentuais. Os partidos de centro perderam 11 pontos percentuais. Como é natural, os partidos de direita cresceram 17 pontos. Então, esses partidos de direita, que vão do DEM até ao PSL, partido que elegeu Bolsonaro, lá no extremo, foram os partidos que tiveram um crescimento expressivo nestas eleições. Quando se diz que houve uma grande recondução do número de prefeitos, é verdade, mas essa recondução deu-se sobretudo com prefeitos desse segmento do espectro ideológico.

Costuma haver alguma ligação entre municipais e presidenciais ou são sempre histórias diferentes?
Interpreto estas municipais de 2020 como, digamos, um processo que manifestou algum realinhamento em consonância com o resultado das eleições presidenciais. O declínio mais expressivo da esquerda deu-se em 2016, nas eleições municipais. Agora vemos um declínio maior dos partidos do centro, isso está em consonância com as eleições presidenciais de 2018 e com as eleições gerais em 2018, nas quais houve um esvaziamento dos partidos do centro e um crescimento dos partidos mais à direita, encabeçados na eleição presidencial por Bolsonaro.

Pode concluir-se que a sociedade brasileira e a política estão mais...
Desde 2016 a caminhar para a direita.

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