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Julgamento de Trump: defesa fala em “vingança política”, democratas querem impedir nova candidatura

Julgamento de Trump: defesa fala em “vingança política”, democratas querem impedir nova candidatura
Handout/ getty Images

Senadores querem um resultado até este sábado à noite. Ao terceiro dia de julgamento do processo de destituição de Donald Trump, a equipa de advogados do ex-presidente concluiu a defesa, acusando os senadores democratas de estarem a ser movidos pelo “ódio” e de estarem a levar a cabo uma “caça às bruxas”

A expressão não é desconhecida dos norte-americanos - ou da população mundial, na verdade: “uma caça às bruxas”. Foi várias vezes repetidas desde do momento em que Donald Trump foi eleito presidente dos EUA. Repetida vezes e mais vezes nos últimos meses de campanha eleitoral. Esta sexta-feira voltou a ser ouvida na Câmara dos Representantes quando a equipa de advogados do ex-presidente apresentou a defesa durante o segundo julgamento de destituição de Trump.

“Como todas as caças às bruxas iniciadas pela esquerda nos últimos quatro anos, a acusação nada tem a ver com factos, evidências e interesses americanos”, disse o advogado Michael van der Veen no início da declaração de defesa, exigindo a absolvição do seu cliente.

À semelhança do que os procuradores democratas fizeram nos primeiros dias do processo, também a defesa recorreu a vídeos e fotografias do dia do ataque ao Capitólio, assim como a antigos discursos de Trump para demonstrar que este se apresentava regularmente como o protetor da “lei e ordem” e que eram os seus adversários que, por vezes, faziam discursos inflamados.

“Esta é uma retórica política comum, em nada diferente da linguagem usada por todos os partidos durante centenas de anos”, argumentou Van der Veen, alertando contra os riscos de um processo que “divide a nação” e que é movido pelo “ódio” dos democratas. O advogado de defesa referiu ainda que o ataque ao Capitólio foi executado por pessoas que agiram de mote próprio e que planearam aquela ação ainda antes de Trump ter discursado no comício que antecedeu a marcha até ao Congresso.

“Não é possível incitar o que já estava para acontecer”, disse Van der Veen, reconhecendo que o ataque foi um ato condenável e violento. “Não ligaram nada ao que disse o presidente”, acrescentou David Schoen, outro dos advogados que compõem a defesa de Trump.

Tanto nas alegações iniciais como na argumentação hoje apresentada, os advogados de defesa de Trump deixaram claro que as pessoas que devem ser realmente condenadas são as que invadiram o Capitólio, que já estão a ser processadas pela justiça.

Entretanto, enquanto decorria o julgamento, Joe Biden, numa conversa breve com os jornalistas na Casa Branca, dizia estar “impaciente” para saber o resultado do processo. “Estou ansioso para ver o que meus amigos republicanos farão, se eles irão assumir a sua responsabilidade”, disse o presidente dos EUA, deixando claro que não tem a intenção de discutir a matéria com qualquer senador em particular.

Uma das vozes que se fizeram ouvir também esta sexta-feira foi a de Nicky Haley. “Temos de reconhecer que [Trump] nos desiludiu”, disse ao “Politico” a ex-governadora e antiga embaixadora nas Nações Unidas (2017-18) nomeada por Donald Trump.

“Ele não deveria ter seguido o caminho que seguiu e nós não deveríamos ter ido atrás dele, não deveríamos ter-lhe dado ouvidos. E não podemos deixar que isso aconteça outra vez”, acrescentou a republicana ,que é apontada como potencial candidata às presidenciais de 2024. “Ele não vai concorrer à Presidência novamente (...), não acredito que vá estar envolvido. Não acredito que ele possa, a queda foi muito grande.”

À hora em que este texto é publicado, os senadores continuavam a sessão na Câmara dos Representantes, no Capitólio, em Washington.

O 45.º Presidente dos Estados Unidos é acusado de ter incitado os seus apoiantes a atacarem o Capitólio a 6 de janeiro para travar a ratificação do resultado eleitoral de 3 de novembro, denunciando fraudes eleitorais que nunca comprovou. A sua condenação no Senado não parece provável. Seria preciso maioria de dois terços, ou seja, 67 senadores. Para isso, 17 republicanos teriam de se associar aos democratas. Na votação de terça-feira, só seis se dispuseram a fazê-lo. Caso seja condenado, o ex-chefe de Estado pode ver-se impedido de concorrer a futuras eleições.

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